tag:blogger.com,1999:blog-7861177461263944182024-03-19T04:15:51.955-07:00No focoEste é o meu espaço de discussão e reflexão. Onde exponho idéias,algumas boas e outras nem tanto.
De cinema, quadrinhos, música e política. Pelo exercício do pensamento...Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.comBlogger79125tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-16303652553643624032017-04-12T21:51:00.003-07:002017-04-12T21:51:49.166-07:00A escola como um microverso da intolerância<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZvzyeAmmpSubiS0CiQtD_OYRzNJmMIo1T5wabn8_qiIcxF2YjytZ2HibL4Rv1boBLIj9DwpkV9zQPQ9BhCsQOWhSsSgHzaGJNEqSfAeNTkEk6CAhnp34sWaRdTYUfR0Ft4UeA6MUWCe6L/s1600/preconceito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZvzyeAmmpSubiS0CiQtD_OYRzNJmMIo1T5wabn8_qiIcxF2YjytZ2HibL4Rv1boBLIj9DwpkV9zQPQ9BhCsQOWhSsSgHzaGJNEqSfAeNTkEk6CAhnp34sWaRdTYUfR0Ft4UeA6MUWCe6L/s320/preconceito.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="text-align: justify;">Em entrevista à revista Fórum a
professora Analise da Silva celebra a chegada de cotas aos cursos de pós
graduação da UFMG e faz uma crítica muito pertinente ao programa “Escola Sem
Partidos”, que presta um desserviço à educação dos jovens sob esse discurso
criado após essa onda antipetista que se traduziu em uma onda anti todo e
qualquer discurso progressista.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
O foco é que, como a professora
lembrou bem, jovens abandonam a escola antes de concluírem o ensino médio por
enfrentarem o racismo, a homofobia, o machismo e todas as demais perseguições
violentas por parte dos colegas, cuja educação na rua ou em casa não lhes
permite conviver com a diversidade, muito pelo contrário, a tendência é
rechaçá-la.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
Nisso, me lembrei dos meus tempos
de escola. Muito cedo aprendi a ter vergonha da minha boca, minha boca de
negro. Porque recebia diversos apelidos vindos de outros meninos também negros (em
sua maioria) e pobres (em sua totalidade). Mas essas crianças não se
reconheciam como negras, bastava uma tonalidade levemente mais cara para que se
sentissem autorizadas a tratar o colega como “macaco”, “beiço de mula”, entre
outras classificações. Tudo isso era muito comum e transformava a escola num
ambiente extremamente hostil, principalmente se o aluno não estava cercado por
outros que pudessem ajudá-lo a se defender dos demais ou não tinha força física
para tanto. As meninas negras também tinham sua autoestima constantemente
reduzida por apelidos que fariam referência às suas características étnicas,
desvalorizando-as. Um colega de classe, que aos 10 anos aparentava ser mais
afeminado foi agredido durante o intervalo por outros 10 ou 15 meninos da minha
sala, que passarem pimenta na boca e nos olhos dele. No outro ano uma menina foi cercada no
intervalo por outros vários meninos que a assediaram, ela que também tinha
apenas 10 ou 11 anos. Toda essa violência veio de crianças que reproduziram o
comportamento e a visão intolerante, do poder do mais forte sobre o mais fraco,
da homofobia, do racismo e do machismo. Essas coisas aconteciam e se repetiam
tendo, no máximo, uma repreensão dos professores, mas nada no sentido pedagógico,
nada que realmente mudasse suas perspectivas ou que coibisse atos assim vindos
dos alunos que viriam depois. É só um pequeno exemplo da importância de educar
quanto à diversidade, a identidade de gênero, ensinar a história e a cultura
oriunda da África. Tudo isso somado ao
investimento pífio na educação no Brasil, o que não fazia com que nenhum de nós
visse ali qualquer perspectiva. A evasão da escola, era e é muito comum. Entrei
para a estatística dos jovens com mais de 18 anos que não concluíram o ensino
médio, e tudo começa com uma escola que não acolhe a diversidade, que não
ensina suas crianças a lidar com as diferenças e o impacto pode ser sentido ao
longo da vida, como sub-emprego e repetição das condições de pobreza e
exclusão. Fui um dos poucos que retornou depois e, mesmo fora da faixa etária
tida como ideal, concluí o ensino médio aos 23 e entrei para a faculdade aos 26
anos. Penso o quanto um ensino que contemple um olhar mais diverso, que trate
do respeito às diferenças étnicas, religiosas, de identidade de gênero teria
contribuído para a formação de toda a minha geração e de outras. A tal “Escola
Sem Partido” fomenta uma escola da intolerância e da violência física e
simbólica, além ao embotamento mental ao qual os alunos são submetidos.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-73416069265026400412016-05-11T18:40:00.000-07:002016-05-11T18:40:23.209-07:00Após a ressaca<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É hora de juntar os cacos de uma
democracia que agora só existe na ideia.
A participação popular na escolha do chefe de Estado, suspensa desde 64,
retornou em 1985, mas só se efetivou de fato em 1989 e amadurecemos desde então.
Até ela, com pouco mais de três décadas, ser interrompida novamente na noite de
11 de maio de 2016. O que houve não é qualquer coisa. Quem apoiou essa
arbitrariedade de forma irresponsável contribuiu para o surgimento de um
precedente muito perigoso. Os políticos aprenderam que, numa democracia imatura
tudo é possível e que eles podem comandar o jogo a seu bel prazer. Para quem
acha que é exagero de quem compara esse período com o de 1964, basta ver a
postura arrogante do judiciário, a patrulha ideológica que já se iniciou nas
universidades e escolas, impedindo estudantes de debaterem o atual momento e
professores impedidos de dar suas opiniões porque querem que prevaleça uma
determinada versão da história, como foi antes. Temo pelo futuro deste País,
temo ter voltado à época em que quem é como eu, preto, favelado e sem bens,
tinha o subemprego como futuro certo se tivesse sorte. Temer conta agora com a
aliança de sujeitos como Malafaia, conhecido por seu fundamentalismo e
preconceito. A perseguição contra as religiões de matriz africana, que nunca
cessou, deve aumentar agora. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem agora
comemora a repressão à esquerda não percebe que essa mesma violência pode atingi-lo
amanhã se quiser protestar contra o governo que agora está aí ou contra
qualquer coisa que o incomode dentro do atual <i>status quo</i> e que não fez mais nada além de mostrar que o voto é
algo para não ser respeitado, não importa se é seu ou se é meu. Nossa luta
agora é por um Brasil onde não prevaleça a ignorância e o obscurantismo, onde a
voz conquistada por mulheres, negros, pobres, LGBTs, quilombolas e indígenas
seja respeitada. Uma coisa é fato: daqui não saímos, não saímos da militância nas ruas nem das
redes. </div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-21524530363426884042016-04-28T18:19:00.002-07:002016-04-28T19:58:41.369-07:00Violência da exclusão que gera violência<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCqtikWutdYFBmrqf8RgXtCDbOWkQ5Usy_7g4VPerqdzyeJYALXn8aEPSk6POYISzt8w5olE8CKyEEFN2fIRi13ExtBj-mVPo8jeaQK62Srr-IG7r4USbmpkLqTE_ycnvY0_nRWsd19Rs1/s1600/acerto_de_contas_pm_e_pcc_emsp_Latuff.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCqtikWutdYFBmrqf8RgXtCDbOWkQ5Usy_7g4VPerqdzyeJYALXn8aEPSk6POYISzt8w5olE8CKyEEFN2fIRi13ExtBj-mVPo8jeaQK62Srr-IG7r4USbmpkLqTE_ycnvY0_nRWsd19Rs1/s400/acerto_de_contas_pm_e_pcc_emsp_Latuff.gif" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="" data-block="true" data-editor="d4bf2" data-offset-key="7fpmd-0-0" style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7fpmd-0-0" style="direction: ltr; position: relative;">
<span data-offset-key="7fpmd-0-0">Pobreza por si só é violenta, porque exclui. Esse é um ponto. Mas não é a pobreza que causa a violência urbana, como muita gente pensa, é a desigualdade. Parece obvio, né?</span></div>
</div>
<div class="" data-block="true" data-editor="d4bf2" data-offset-key="8c0i5-0-0" style="background-color: white; color: #373e4d; font-family: helvetica, arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 18px; white-space: pre-wrap;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8c0i5-0-0" style="direction: ltr; position: relative;">
<span data-offset-key="8c0i5-0-0">Lembro de uma entrevista do Gilberto Dimenstein em que ele abordava o tema e citava países miseráveis como a Índia, onde o índice de violência era bem menor do que aqui. Motivo? Em poucos lugares do mundo o contraste social é tão gritante. Sobe o Morro do Papagaio pra ver. A linha que separa os barracos dos casarões é nula, a discrepância de oportunidades entre quem tem e quem não tem é gritante. </span></div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8c0i5-0-0" style="direction: ltr; position: relative;">
Na minha adolescência eu lembro de amigos que falavam em "roubar o tênis do boy" e havia muito ressentimento naquela fala, raiva mesmo. Porque não importava o quanto trabalhassem, eles não poderiam nunca ter o símbolo de status que estava ao alcance de quem morava no "asfalto" e que era oferecido pra eles, pra gente, da mesma forma. O Brasil mudou. O "tênis" e alguns outros símbolos de status não eram mais um problema, ainda assim continuávamos uma das piores distribuições de renda do mundo. </div>
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8c0i5-0-0" style="direction: ltr; position: relative;">
Alguém do outro lado não entendeu a equação, e reclamou de programas de distribuição que contribuíam para a redução dessa desigualdade violenta que gera violência. Devido a uma série de fatores as preces de quem queria dar fim a isso foram atendidas.Burrice. Com a iminente redução de direitos, redução de acessos, acirrando ainda mais as diferenças, eu não vejo uma realidade boa pra ninguém. É um contexto violento dos dois lados, mas eu sei muito bem quem perde mais nisso tudo.</div>
</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-55277245209346624962016-02-27T12:40:00.001-08:002016-04-07T13:14:58.583-07:00Elite Cultural<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDRyQyIiKrzibsh_ZnwdLrIf9UBv6yDg2sUwaTFMlwg1b5RDvhFvqV6ndWFwHoDeQ93xXsUt3KuCB3VbTaoT_479FKi_Tvl4S-29MUDcJUq_FEqaSsemiCu8_mJgb-_iNT4BnHnj-VRcT_/s1600/becas-formatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDRyQyIiKrzibsh_ZnwdLrIf9UBv6yDg2sUwaTFMlwg1b5RDvhFvqV6ndWFwHoDeQ93xXsUt3KuCB3VbTaoT_479FKi_Tvl4S-29MUDcJUq_FEqaSsemiCu8_mJgb-_iNT4BnHnj-VRcT_/s320/becas-formatura.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Quando ingressei na faculdade de
jornalismo em 2003, na Newton Paiva (só no ano seguinte iria para a PUC), ainda
não existiam programas como Pró Uni ou mesmo o sistema de cotas sociais e
raciais. Naquela época, ir para um centro universitário, uma universidade, ainda
era um processo pra poucos. A federal, sempre muito concorrida, desencorajava
gente que, como eu, só há pouco havia se convencido que poderia mesmo fazer uma
graduação. Sim, pobres e negros (e negro frequentemente é pobre) precisam se
convencer de que pertencem àquele espaço. Ainda mais naquele período, anterior
à toda essa moçada empoderada que andou tomando de assalto as espaços
acadêmicos públicos via ações afirmativas, e com resultados exitosos. Não tínhamos
essa referência ainda. Entrar para as particulares também não consistia tarefa
fácil. Ainda eram poucas as instituições privadas existentes e, mesmo com uma
concorrência menor em relação à UFMG, as vagas eram bem disputadas, por muita
gente vinda de boas escolas particulares. Enfim, de qualquer forma era a famosa
“competição justa” da qual sempre ouvimos falar. Passei em 15º. Nada mal,
considerando o meu baixo nível de auto-confiança e auto-estima para encarar a
empreitada. Ao passar, feliz com o resultado e comemorando o fato de ser o
primeiro homem da família a ingressar numa instituição de ensino superior,
sendo eu a quarta geração de indivíduos nascidos “livres” em território
brasileiro... Sim, só isso. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Parece que foi num passado longínquo, mas 117 anos não
é tanto tempo assim, é literalmente “ontem”. Se o processo de auto-convencimento
de que deveria ocupar aquele espaço foi penoso, difícil, de uma forma que só
quem vem da mesma realidade pode entender, conseguir passar foi uma grande recompensa,
mas ainda havia a questão financeira. Lembrei-me de um samba do Martinho da
Vila, onde ele narra a história do sujeito pobre que passava num vestibular,
mas numa faculdade particular. Meu caso. O próximo desafio do aluno de baixa
renda era justamente arcar com os custos. Minha mensalidade custava em torno de
R$ 521,00 e eu tinha um salário de R$ 300,00, como “pau pra toda obra” em um
laboratório de análises clínicas. Eram dois meses de trampo para uma
mensalidade, mas encarei assim mesmo, e não fui o único. Uma vez lá dentro
soube de outros colegas com poucas condições financeiras que também se arriscaram,
esperando que algo mudasse pra melhor no meio do caminho. Invariavelmente,
esses alunos abandonavam os cursos. Boa parte desses pouquíssimos que tentavam,
jamais retornariam para qualquer outro espaço acadêmico. No fim, sentíamos na
prática a desconstrução da falácia do mito do “homem que se faz por si mesmo”,
como se o ambiente em volta e as condições sociais e históricas não contassem.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na primeira semana de aula, o
reitor, e também um dos donos da faculdade, recebia os alunos recém chegados
com muita pompa, num grande auditório. Não me lembro de quase nada do discurso,
a não ser a parte em que ele dizia: “De agora em diante vocês são a elite
cultural deste país”. Aquilo ficou martelando, talvez por vaidade e
deslumbramento de alguém que achou que jamais pisaria ali, mas hoje vêm novas
reflexões. Primeiro sobre a possibilidade de alguém, ou um grupo, ser alguma “elite
cultural”, porque isso pressupõe a possibilidade de hierarquizar cultura, mas a
leitura mais acertada que fica mesmo é a dos meios nas mãos de poucos. Pode não
ser isso o que ele tinha em mente enquanto falava, mas, na prática é só um
jeito de atestar o conhecimento, e o possível domínio de produção cultural e
econômico em detrimento dos demais, sem os mesmos acessos e combalidos
financeiramente, principalmente em relação à maioria dos que podiam ocupar aquelas
cadeiras. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E, pensando mais um pouco, reflito o quanto é antipedagógico e
destrutivo esse conceito de “elite cultural”, num país de dimensões
gigantescas, com tantas manifestações e profundas desigualdades. , naqueles dias maiores do que hoje, acredite. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há também a visão de que justo ou não, aquilo, estar ali, consistia num privilégio, não deveria ser, mas era e ainda é.Talvez isso só
sirva para reforçar uma ideia de separação entre “os que sabem” e “os que não
sabem”. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A despeito do "privilégio" em relação à grande maioria dos meus pares, não sou, nunca fui, e nem pretende ser elite de coisa alguma. Meu status ainda é de guerrilha, tentando ocupar espaços. Anos
depois de oficialmente graduado, embora em outra instituição e como bolsista, sigo aprendendo.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-20036339189687958052015-10-11T21:12:00.001-07:002015-10-11T21:15:07.318-07:00E ninguém disse que seria fácil...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbr4TTwWFH5E_35wnzmEeh2PzAfYtR_0RBNfd715y-1LuNlO1ilOoN4Kdz2se7T8zVuF-IMnHXYsp-4wct9s1nsgTEP5pt8duu5q3OHOKWJfBXaX0w-2iHIAkN1vb65U7FztGdIYZuGlQE/s1600/Como-fazer-um-plano-de-vida.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="191" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbr4TTwWFH5E_35wnzmEeh2PzAfYtR_0RBNfd715y-1LuNlO1ilOoN4Kdz2se7T8zVuF-IMnHXYsp-4wct9s1nsgTEP5pt8duu5q3OHOKWJfBXaX0w-2iHIAkN1vb65U7FztGdIYZuGlQE/s320/Como-fazer-um-plano-de-vida.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O jargão “viver é uma arte” é dos
mais verdadeiros e não é, de forma alguma, uma arte fácil. A vida não é preto branco, boa
ou má, é tudo isso e todas as variações que existem entre um extremo e outro. E
ao mesmo tempo não há classificação possível nessa curta, estranha, empolgante,
assustadora e bela experiência da existência... Não há manual de instruções,
não há fórmula, não há nada disso. E não há nada que nos prepare, não há atalho,
só é possível viver... De preferência sem medo, às vezes saltando com o vagão
ainda em movimento porque cada estação que se vai é única, não volta e só é
possível saber se é a certa ou não no risco, sem o qual vamos ver a história passar
pela janela. E essa divagação barata sobre a vida? É apenas uma repetição do
óbvio, mas até isso precisa ser dito de vez em quando. Eternidade é mera
abstração e, definitivamente, é algo que não temos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Gonzaguinha disse bem: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz"</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-81220589654605846552015-08-11T16:16:00.000-07:002015-08-11T17:00:25.887-07:00Humor sem Senso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMVYrYntBv8cDXFc4C3e42MoKL3kQuEdKjhz43ZClsN2Fz-7of73DGdlo20z-fkutbr0zeABgiHWJaM-1YG7Q6qKva9ywDcAheQU3GWYFMwWrcn6Jba2-tluEQbCQRdFb9ciuvjlmIEWQ2/s1600/Pol%25C3%25AAmica+do+P%25C3%25A2nico.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="162" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMVYrYntBv8cDXFc4C3e42MoKL3kQuEdKjhz43ZClsN2Fz-7of73DGdlo20z-fkutbr0zeABgiHWJaM-1YG7Q6qKva9ywDcAheQU3GWYFMwWrcn6Jba2-tluEQbCQRdFb9ciuvjlmIEWQ2/s320/Pol%25C3%25AAmica+do+P%25C3%25A2nico.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O fato de o programa “Pânico”
prescindir de qualquer bom senso para produzir suas “piadas” não é nenhuma
novidade. É o tipo de humor que se vale mesmo do mau gosto e do vale tudo. Há
quem defenda que, tratando-se de “fazer graça”, realmente vale qualquer coisa.
Discordo. Se o humorista precisa recorrer ao preconceito para fazer rir, isso
só prova o quanto o sujeito é limitado e mal intencionado mesmo. Não tem meio
termo pra isso. Nos comentários do post
relacionado ao quadro racista do programa houve quem argumentasse que “agora
tudo é racismo, preconceito, etc”. A velha retórica que tenta desqualificar
quem achou a piada ofensiva utilizando termos como “mi, mi,mi” ou “politicamente
correto”. A pergunta que me vem é a seguinte: O que você entende por “preconceito”?
Uma das formas mais eficazes de perpetuar estereótipos negativos em relação a
gênero, etnia ou orientação sexual é justamente aquela piadinha cotidiana,
rasteira e imbecil que de inocente não tem nada, já que ela nasce de uma
cultura que realmente naturaliza a inferioridade atribuída a determinados grupos.
Dizer que está tudo bem porque “eles fazem piadas de brancos também”, é
canalhice deliberada ou (foi mal o termo) burrice mesmo. E eu não sei o que é
pior, neste caso. Se for a segunda opção a figura precisa compreender a historia
a partir do Big-Bang e haja tempo pra isso. Nessa mesma linha de raciocínio, há
quem reclame o fato de a sociedade estar ficando mais “careta”, que antigamente
podia tudo e hoje não pode nada. Francamente... “Antigamente” meus ancestrais
podiam ser açoitados em praça pública, ser homossexual era crime em várias
partes do mundo, um estuprador seria perdoado se aceitasse se casar com a
vítima e não faz muito tempo que o Brasil deixou de negar com tanta veemência o
seu racismo. Reclamar porque as pessoas não se comportam mais como há anos
atrás e não aceitam determinadas manifestações preconceituosas, não faz
sentido. O mundo muda, a sociedade muda, e não é quem reclama da piada acéfala
e anacrônica que está errado. Tanto o piadista do vale tudo quanto o seu
público estão vivendo outro tempo que, felizmente, não volta mais. </div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-74449231920050803172015-08-01T18:56:00.001-07:002015-08-11T16:17:46.834-07:00"Imprensa tem que ser livre...E responsável também"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEJEkQo91c23kFKy8SZU9wpQCWyI9yKzwExfYFmkI0Mc4lZ3r-F8wDDgFbtvL6rGoyQ3cBLDTwfJWMQtLYWECbVcbvURrlLMSpI6_eKHkyFki3TbQdJPEHVe121AHEcHxnjqyrXBy4sXKp/s1600/midia_golpista02b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEJEkQo91c23kFKy8SZU9wpQCWyI9yKzwExfYFmkI0Mc4lZ3r-F8wDDgFbtvL6rGoyQ3cBLDTwfJWMQtLYWECbVcbvURrlLMSpI6_eKHkyFki3TbQdJPEHVe121AHEcHxnjqyrXBy4sXKp/s320/midia_golpista02b.jpg" width="294" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pra muita gente é difícil
(sabe-se lá o porquê) compreender qualquer crítica à nossa mídia atual como
algo que vá além do maniqueísmo ou da disputa entre governo e oposição. O “mídia
golpista” pode até ter virado um clichê, com os perigos que qualquer frase feita
traz, mas não dá pra dizer que o termo é
gratuito. Essa semana Romário
literalmente "tirou onda" e expôs (de novo) o "jornalismo"
medíocre e sempre mal intencionado da Veja. Revistinha que se esconde por trás
dos preceitos de liberdade de expressão e liberdade de imprensa para agir da
forma mais irresponsável e canalha. Lula decidiu processar o diretor da revista
e alguns dos seus funcionários por assinarem um texto falacioso sobre uma
delação que nunca aconteceu. Incitar o ódio, publicar inverdades, promover a
confusão através do medo, são práticas que parecem fazer parte do <i>modus operandi</i> do nosso jornalismo, com
todo respeito aos veículos e jornalistas sérios que ainda dignificam a
profissão. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É um exagero atribuir a culpa de
tudo à imprensa (assim como o é atribuir ao governo, etc, etc) mas a parcela de
responsabilidade dos veículos deve ser cobrada, e não é pequena. Fomentar a
ignorância política, o “fla-flu”, a visão superficial e rasteira de tudo,
interessa a quem? Ao povo é que não. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Donos dos jornalões, TVs e rádios
rugem com todas as forças quando se fala em regulação da mídia e querem
convencer que qualquer movimento nesse sentido significa uma volta à “censura”
e usam os termos “democracia” e “liberdade” pra justificar suas ações, até as mais
absurdas. Certa vez um professor me disse que o fazer jornalístico consiste em uma
tentativa de traduzir o mundo, com suas complexidades e idiossincrasias. Obviamente
não é tarefa fácil. Imagine então se isso está nas mãos de quem não se
responsabiliza, ou por quem se pauta por interesses particulares dos mais
escusos? Claro que imprensa tem que ser
livre, e responsável também.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-56507301902259245732015-07-03T21:42:00.000-07:002015-08-11T16:52:15.323-07:00FAVELA AINDA É SENZALA, JÃO...<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Novo vídeo de Emicida escancara a violência das relações sociais e
raciais no Brasil<o:p></o:p></i><br />
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/AauVal4ODbE/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/AauVal4ODbE?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Boa esperança” nova música do
rapper paulistano Emicida traz sem reticências a raiva e a indignação de quem sempre se viu à margem e sempre foi tratado como sub espécie, sub cidadão, sub...Tudo. Nestes dias em que a tensão racial
volta a ser pauta nas terras do Tio Sam, após os assassinatos de Michael Brown, em Ferguson, e de Freddie Gray, em Baltimore, a abordagem não poderia ser mais pontual e
cirúrgica. Enquanto isso, no Brasil dos Amarildos e Cláudias, assassinados e sempre anônimos e estigmatizados, as redes sociais tornam-se palco das discussões raciais caladas há séculos por aqui. A jornalista Maria Júlia Coutinho, negra atacada verbalmente na internet por ousar ser a nova "moça do tempo" do Jornal Nacional, torna-se o mais recente símbolo da intolerância racial tupiniquim, ainda vista como uma exceção por aqui.<br />
<br />
“Boa Esperança” traz um título irônico. Ao discorrer sobre o tema da desigualdade social e racial, Emicida
apresenta um resumo que mistura relato à fúria e sofrimento. A narrativa do videoclipe
dirigido por Kátia Lund (Cidade de Deus) mostra a história de empregadas
domésticas que se rebelam contra seus patrões. Sob a trilha sonora impactante e
direta são apresentadas as cenas em que senzala toma o lugar da casa grande. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O vídeo, violento, como é o tema abordado,
muda os papéis historicamente conhecidos ao transformar as vítimas habituais em algozes e explicitar o que tem sido negado ao longo dos anos: a “abolição” atendeu
a uma necessidade mercadológica, mas não alterou em nada as relações. Os resquícios
da sociedade escravocrata permanecem, com os mesmos “sinhozinhos” e capitães do
mato. Sintomático no país em que os quase 50% da população, declarados afrodescendentes, representam mais de 80% dos pobres e são maioria da população carcerária. Já dizia a letra de Marcelo Yuka “Todo
camburão tem um pouco de navio negreiro” e acrescento, tem muito! <br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O vídeo não é apontado como o
mais corajoso de 2015 à toa. É um
momento singular da nossa história, em que o conservadorismo sai do armário e
mostra garras e dentes para manter posições e privilégios. Tratar de um assunto como este, sempre tratado como tabu, quando não abordado de forma maliciosa atribuindo a existência do preconceito aos próprios negros.<br />
A produção vem sendo taxada de violenta, mas se esquecem que as relações sociais estabelecidas no país são violentas. A violência começa na desigualdade, na disparidade de oportunidades, na proposta punitiva da redução da maioridade penal sem que ao menos se pense em formas de oportunidades iguais aos jovens que querem trancafiar. Diante de tudo isso, do contexto histórico de violência, invisibilidade e exclusão, o vídeo é apenas uma alegoria "leve" que nem chega a inverter os papeis, apenas apresenta uma possível reação.<br />
<br />
Emicida não se
intimida e deixa claro e marcado o seu lado. O recado foi dado de forma didática. Uma maioria segregada circula por aí e se os
dados não incomodam é preciso chocar pela força das palavras e das imagens. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Favela ainda é senzala, Jão, bomba
relógio prestes a estourar”</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-21073127331649544862015-06-10T18:09:00.000-07:002015-06-10T18:11:33.195-07:00Um pouco sobre persistência, trabalho coletivo e a luta pela continuidade do Klauss Vianna<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMAbQ4aPqI4LagDaZDddMxOEDHnaABaFi_GRODD0zJ621ZomW0g-qtficYa_2eO-8Q1p7rJfopz2ghi5x7QDLyHjgrNw36L_rvFNjx-mZBnYgB7-zBXExo_TCVZxflU2wtZnZge_u8n-N3/s1600/Klauss+Vianna+-+vazio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMAbQ4aPqI4LagDaZDddMxOEDHnaABaFi_GRODD0zJ621ZomW0g-qtficYa_2eO-8Q1p7rJfopz2ghi5x7QDLyHjgrNw36L_rvFNjx-mZBnYgB7-zBXExo_TCVZxflU2wtZnZge_u8n-N3/s320/Klauss+Vianna+-+vazio.jpg" width="320" /></a></div>
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><i>A batalha pela preservação de um teatro em Belo Horizonte<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: center;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">É comum e generalizada a sensação de impotência diante das decisões que
“vem de cima”. É como se as determinações oriundas das grandes corporações ou
dos poderes executivo, judiciário e legislativo fossem intocáveis,
irrefutáveis, com caráter quase divino. Normalmente pouco se questiona e até
mesmo figuras tidas como combativas tendem a entender que certas lutas devem
ser dadas como perdidas, diante do medo provocado pelo tamanho e poder do
adversário. O mesmo pensamento é compartilhado do outro lado e é neste momento
que a espiral do silêncio ganha força. A sensação de embotamento, fragilidade
diante das coisas ganha dimensões maiores que o próprio desafio colocado.
Felizmente existem as pequenas exceções e que fazem sim, grande diferença
frente ao poder de fogo visto como incontrastável ou imbatível. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Diante da decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em fechar o
Teatro Klauss Vianna e transformá-lo em auditório para suas audiências, um
pequeno grupo de artistas se mobilizou para demonstrar o impacto da perda do
espaço para a cidade e, assim, reverter o processo. Os indícios não eram os
mais positivos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não me arrisco na linguagem do “juridiquês”, mas as informações que
corriam eram de que a decisão de declarar o imóvel como utilidade pública, bem
como a impossibilidade da existência de um teatro sob aquelas condições eram
verdades pétreas, finalizadas e indiscutíveis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os participantes do movimento Viva Klauss deram o que considero uma das
maiores lições de cidadania que pude presenciar na história recente da cidade.
A despeito das perspectivas nada otimistas, pelo menos aos olhares externos, o
grupo prosseguiu com suas manifestações em frente ao teatro, mesmo com um
quórum reduzido, procurou apoio de representantes políticos, tentou
sensibilizar a população quanto ao problema e prosseguiu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="color: #222222; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Klauss Vianna, cuja morte anunciada e “irreversível” estava marcada
para o fim de julho, ganhou parecer positivo de continuidade em reunião
realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira, 10de
junho. Pedro Bittencourt, presidente do Tribunal de Justiça, após toda a
mobilização, avalia a possibilidade de manter o teatro em pleno funcionamento,
com acesso autônomo independente do tribunal. É uma “pequena”, mas muito significativa
vitória. Em agosto a questão será votada por 120 desembargadores e, por
fim, teremos a definição do destino do teatro. Luta que segue e alguns bons
exemplos que ficam e inspiram.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-52522116061720375052015-04-05T21:56:00.001-07:002015-04-05T21:59:18.634-07:00Segurança pra quem?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS-fRAkv30ibsHkViz1Kwhkh3epDLHHH8LN2grC6Y5S9Anr2HwPfPTOABctca17FMN3ACKhO_YKDezIuU9a0Y_lfm-p2Vq0a-eABanzyb3vu5x7CSt_O7CWUTjlha9Z2alDJUs8yQLBWjZ/s1600/Eduardo+de+Jesus.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS-fRAkv30ibsHkViz1Kwhkh3epDLHHH8LN2grC6Y5S9Anr2HwPfPTOABctca17FMN3ACKhO_YKDezIuU9a0Y_lfm-p2Vq0a-eABanzyb3vu5x7CSt_O7CWUTjlha9Z2alDJUs8yQLBWjZ/s1600/Eduardo+de+Jesus.jpg" height="167" width="320" /></a></div>
*pais do garoto Eduardo de Jesus - morto na quarta-feira, no Complexo do Alemão<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";">A
imagem do corpo ensanguentado garoto Eduardo de Jesus Ferreira é algo
impossível de se digerir. Morador do Complexo do Alemão, o menino foi morto aos
10 anos de idade pela arma de um policial da “Unidade Pacificadora”, a sangue
frio. Um crime hediondo, de uma crueldade
sem tamanho marcou a tarde daquela quarta-feira, 01/04, às vésperas do feriado
da Páscoa e dias depois da aprovação da redução da maioridade penal, mesmo
diante de dado que comprovam que crianças e adolescentes são as maiores vítimas
da violência e não o contrário. Estranhamente
não houve grandes manifestações nas ruas para além da comunidade onde aconteceu
o assassinato. Não se ouviu ou leu pedidos de “pena de morte” a quem atira em
uma criança. Não ouvimos o bater das
panelas, não vimos perfis de facebook em “luto” e nem mesmo uma cobertura
ostensiva por parte de uma certa “grande emissora de TV”, cumprindo o dever
cívico de denunciar que o que aconteceu não pode ser considerado normal, não
pode ser tratado como uma “baixa necessária”. Porque não é. O combate ao crime
organizado não pode justificar as mortes criminosas de cidadãos comuns. Estes
mesmos não podem ser tratados como cidadãos de segunda classe por serem pobres e
moradores de vilas e favelas. É preciso repensar o tipo de polícia que
queremos, é preciso (disse e repito) humanizá-la antes de fazer dela um
instrumento de “pacificação”. Porque no momento ela não serve para este fim,
não quando dados como os levantados pelo <span style="background: white;">Fórum Brasileiro de Segurança apontam que a nossa polícia matou em 5
anos o equivalente ao que a polícia norte-americana matou em três décadas. A violência perpetrada pelo Estado contra
minorias como pobres e negros é prontamente aceita e naturalizada no Brasil. É
vista e defendida como algo necessário em nome da “segurança pública”. Mas
segurança pra quem? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Tahoma, sans-serif;">Se o mesmo fato que ocasionou a morte de Eduardo
de Jesus Ferreira, mais um entre tantos, acontecesse em outro lugar onde essa
violência não fosse “naturalizada”, como seriam as reações? <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Tahoma, sans-serif;">Todo respeito aos familiares pela dor e perda
irreparáveis. O que foi retirado não tem volta.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; font-family: Tahoma, sans-serif;">Noss@s garot@s precisam de educação de qualidade e não punição.
Nossas comunidades querem segurança, não opressão. </span><span style="font-family: "Tahoma","sans-serif";"><o:p></o:p></span></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-899783170719281222015-04-03T17:46:00.000-07:002015-05-01T15:07:33.717-07:00O Tempo é Fluxo<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpatW7bj92lpH_L0HzphbvB3RKTXUPP36-Vt25PY-B4QdclB6Al7j2WJ7u1tszQ_QqXympRA5EKeselec4VcjB63lYvsM5-LHLV4kEvgtR0GehAkzF_8OHONgvYUp-Ju8o23c0itHBV3aP/s1600/m%C3%A3o-com-um-rel%C3%B3gio-que-mostra-o-tempo-de-fluxo-afastado-27726217.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpatW7bj92lpH_L0HzphbvB3RKTXUPP36-Vt25PY-B4QdclB6Al7j2WJ7u1tszQ_QqXympRA5EKeselec4VcjB63lYvsM5-LHLV4kEvgtR0GehAkzF_8OHONgvYUp-Ju8o23c0itHBV3aP/s1600/m%C3%A3o-com-um-rel%C3%B3gio-que-mostra-o-tempo-de-fluxo-afastado-27726217.jpg" height="263" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O tempo é fluxo</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode voltar</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode reescrever a história</div>
<div class="MsoNormal">
Em nossas vidas vivemos com nossos erros e acertos</div>
<div class="MsoNormal">
No fim só temos nossas trajetórias</div>
<div class="MsoNormal">
Com ou sem glórias</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode voltar</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode reescrever</div>
<div class="MsoNormal">
No fim só temos nossas memórias</div>
<div class="MsoNormal">
No fim só nos restam as memórias dos outros</div>
<div class="MsoNormal">
As vezes nem isso</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode apagar</div>
<div class="MsoNormal">
O tempo é fluxo</div>
<div class="MsoNormal">
Não se pode voltar</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
O tempo é fluxo</div>
<div class="MsoNormal">
Impiedosamente contínuo...</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-31783635046229877602015-03-31T21:13:00.001-07:002015-03-31T21:13:02.142-07:00O Retrocesso da redução da maioridade penal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIyhyphenhyphenuDVCSyI1rorV8sUeCW71I1nYbKEz93vCkUBLMoYDTAvrzV4Se5NZnmvpPFyVEF2uEu1bWKQfjsB0HNLg_NKKCQMNGoVLUboUsTIr81pye84oEKfMoOTQ1A6Ikje5a7tWbVQQWPSWW/s1600/maioriade-penal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIyhyphenhyphenuDVCSyI1rorV8sUeCW71I1nYbKEz93vCkUBLMoYDTAvrzV4Se5NZnmvpPFyVEF2uEu1bWKQfjsB0HNLg_NKKCQMNGoVLUboUsTIr81pye84oEKfMoOTQ1A6Ikje5a7tWbVQQWPSWW/s1600/maioriade-penal.jpg" height="241" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
A aprovação da PEC que reduz a maioridade penal para 16 anos representa uma derrota monumental, um retrocesso das discussões mais importantes acerca da juventude brasileira e sinaliza claramente os rumos de um Estado que opta por punir e alijar ainda mais aqueles que são frutos da sua negligência, ineficiência e falta de vontade em dar oportunidades, educação e condições de desenvolvimento. Representa uma resposta falaciosa e intolerante a uma sociedade movida em grande parte pelo medo e pela desinformação. Uma resposta preguiçosa inclusive já que, além de se tratar de uma medida inócua, sem efeito real no que diz respeito ao combate ao crime e à violência, foge da verdadeira discussão que se dá a longo prazo e exige tempo, esforço e vontade política. Falaciosa (novamente) porque os dados demonstram claramente que os jovens são muito mais as vítimas da violência do que a sua causa, ao contrário do que é apresentado pela parcela da imprensa que <u>des</u>informa.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
Ineficiente, porque num sistema carcerário cuja lógica meramente punitiva a recuperação é quase impossível, muito pelo contrário, a redução da maioridade penal só contribui para que o Estado engrosse as fileiras do abandono e do processo de marginalização. A PEC atinge os mesmos de sempre: os invisíveis, sem sobrenome que já são a maioria da população carcerária.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
Usando argumentos da lógica pragmática vigente (que eu particularmente, detesto), é uso do dinheiro do contribuinte pra nada. </div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
Como já foi dito (não lembro por quem)... Quando nada disso “resolver” (porque solução não parece ser a preocupação) a proposta será reduzir a maioridade para 14, 13, 12...</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8000001907349px; text-align: justify;">
Queria ver o mesmo empenho deste congresso para colocar essa moçada nas escolas e universidades. Mas aí é “esmola”, né? E isso aqui é “justiça”?</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-78985274333231214792015-03-10T20:29:00.000-07:002015-08-11T16:52:43.842-07:00Sobre panelas e indignações de ocasião...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3hHaNU_Uu-9zZIOhYHDlGaffF88cYoefjBu-A9ppHsdY7Dpb0NbtFreZJAwsqWcbmnAlXQyVIuVHVv5f0-y7YNObuBoZd1ePdXn2QZQgh-1BO1UUmcnpoeHRjIRpPit325Mnku0jiDTAp/s1600/jogo-de-panelas-tramontina-6-pecas-solar-2907-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="163" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3hHaNU_Uu-9zZIOhYHDlGaffF88cYoefjBu-A9ppHsdY7Dpb0NbtFreZJAwsqWcbmnAlXQyVIuVHVv5f0-y7YNObuBoZd1ePdXn2QZQgh-1BO1UUmcnpoeHRjIRpPit325Mnku0jiDTAp/s1600/jogo-de-panelas-tramontina-6-pecas-solar-2907-1.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Estava em minha casa no domingo, 9 de
março, quando, desavisado, li sobre um tal “panelaço” que teria ocorrido
enquanto Dilma fazia um pronunciamento na TV. Morador da ZN (Zona Norte) que
sou, e antes disso, criado na região noroeste de Belo Horizonte, não ouvi nada.
Só mais à frente fui entender que os principais focos da manifestação, na qual
a presidente foi xingada de “vaca” e aconselhada a “procurar um marido”, entre
outras coisas, aconteceu justamente nas ditas regiões tradicionais da cidade,
de maior poder aquisitivo, o que, obviamente não deslegitima nada. Todo
protesto é livre e “legítimo”, como disse a amiga e jornalista Márcia Maria
Cruz em seu post, mas me encabula que a dita parcela “esclarecida” a
autointitulada “elite cultural”, portadora dos bons hábitos, dentre os quais se
incluem ir ao teatro, cinema e ouvir MPB (porque novela, pagode e funk são
coisas de gente sem instrução), tenha que recorrer (de novo) ao que há de mais
baixo, incluindo termos preconceituosos, machistas e sexistas como forma de
expressão. Detalhe bem lembrado em alguns comentários que li: os ataques
ocorreram no mesmo dia em que mandaram flores, chocolates e felicitaram as
mulheres pelo “seu dia”, que, pelo visto, acabou mais cedo. </span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Nessas horas todo o “verniz” vai por
água abaixo e demonstra que a nossa “elite” pode ser qualquer coisa, menos
esclarecida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">E não digo isso porque discordo do
posicionamento, mas porque as razões são, em sua maioria, ou equivocadas,
porque os argumentos apresentados (ao menos os que vi até agora) demonstram que
não entenderam realmente lhufas do que tem acontecido na política nacional, ou
egoístas, porque no fundo há um preconceito de classe enrustido (agora
explícito) que norteia toda a “indignação” além de uma dose cavalar de
hipocrisia aliada a miopia, porque se alguém estivesse realmente protestando
contra a corrupção estaria gritando por reforma política, não pedindo um <i>impeachment</i>,
cuja base legal que o justifique simplesmente não existe. Nem mesmo sob o
pretexto da investigação dos escândalos da Petrobrás, cujos desvios datam de
mais de 14 anos atrás (no mínimo), tanto que renderam um Prêmio Esso ao
jornalista Ricardo Boechat, quando escreveu sobre o assunto ainda nos tempos do
governo FHC.</span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Da minha parte: não sofro de nenhum
complexo de avestruz, e na conjuntura política apresentada em 2014 o meu voto
seria o mesmo, como foi da Dilma na ocasião. Embora a minha escolha
não tenha sido por um ministério conservador como o que está aí, formado em
parte, pela pressão dos “aliados” e para satisfazer o eleitorado “elitizado”, o
mesmo do “panelaço” e dos xingamentos nas redes (anti) sociais e que, de vez em
sempre, confunde o privado com o público e acredita realmente que dinheiro
usado para beneficiar grupos sociais menos favorecidos é única e exclusivamente
seu. Gente que, no fundo, se incomoda mais com bolsa família e similares do que
com a dita corrupção, porque se a indignação fosse realmente tão grande já teriam pedido
a cabeça do Maluf há tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #222222; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A melhor síntese de tudo isso, bem
mais qualificada e menos verborrágica que a minha foi a do Juca Kfouri, de
longe um dos melhores jornalistas do país, pela clareza e honestidade
intelectual de seus textos. <a href="http://blogdojuca.uol.com.br/2015/03/o-panelaco-da-barriga-cheia-e-do-odio/" target="_blank"><span style="color: #1155cc;">http://blogdojuca.uol.com.br/2015/03/o-panelaco-da-barriga-cheia-e-do-odio/</span></a></span><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-487387416346204602015-02-01T12:42:00.002-08:002015-02-01T12:42:53.535-08:00Racionais – Cores e Valores (2014)<span style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbag0ucOnChaczvDkSRfZNvK5HIS9yvJMkZCnGstC9caRFs7a2LM-8e-RJFzTEbr77G3X_7FZ1diHsE39fJmRJ0UmtyO4BO_nOcfyFE0Yo6EX-NVmhA859iQC_rRLZuGF247vYS_ptzUop/s1600/Racionais++-+Cores+e+Valores.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbag0ucOnChaczvDkSRfZNvK5HIS9yvJMkZCnGstC9caRFs7a2LM-8e-RJFzTEbr77G3X_7FZ1diHsE39fJmRJ0UmtyO4BO_nOcfyFE0Yo6EX-NVmhA859iQC_rRLZuGF247vYS_ptzUop/s1600/Racionais++-+Cores+e+Valores.jpeg" height="265" width="400" /></a></div>
<span style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></span>
<span style="background-color: white; text-align: justify;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Muito
pode ser dito sobre o aguardado quinto disco do Racionais MCs. As
opiniões divergem mas ninguém discorda quanto à quebra de expectativa que o
álbum provoca.</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">12 anos
depois de “Nada como um dia após o outro dia” eles retornam com “Cores e
Valores” e a novidade não está apenas no fato de lançarem um novo trabalho após
mais de uma década, mas na própria forma como o grupo se apresenta. A mudança é
perceptível, nítida e causou as mais diversas reações. A essa altura o novo
álbum já é sucesso de crítica sendo considerado um dos melhores lançamentos de
2014, o melhor, segundo a lista da Rolling Stone publicada em janeiro de 2015. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os
elogios angariados pela nova obra são por razões óbvias. A primeira: é um novo disco
do Racionais MCs, e, isso por si só já diz muito. Trata-se da banda mais
importante do rap brasileiro e, superando fronteiras e preconceitos,
tornaram-se um dos nomes mais relevantes da música produzida no Brasil nos
últimos 20 anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
quarteto paulistano também optou pelo risco e foi uma escolha sem medo, e feliz.
As músicas são curtíssimas se comparadas com os trabalhos anteriores, clássicos
como <b><i>O
Homem na Estrada</i></b> e <b><i>Capítulo 4, Versículo 3</i></b>, têm 8 e 7
minutos, respectivamente, enquanto as faixas de “Cores e Valores” tem duração
média de 2 a 4 minutos. O novo trabalho do Racionais MCs resgata o conceito de
álbum, do diálogo entre uma música e outra em uma obra, coisa difícil de se
manter em tempos de <i>downloads</i> e <i>streamings</i>. Saíram na frente com a
proposta. O próprio KL Jay alerta que este é um disco para ser ouvido na íntegra,
na sequência proposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os temas
abordados também se diversificaram. Para além das dificuldades da periferia
brasileira (e até essa crítica assumiu outro tom), o Racionais falam agora das
vitórias alcançadas e de amor. Os fãs mais ortodoxos esperavam algo parecido
com o que foi apresentado em 2002, quando “Nada como um Dia após o outro dia”
foi lançado, mas aquele trabalho já rompia com a narrativa de violência e
exclusão apresentada em Sobrevivendo no Inferno (1997). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A
realidade é que para muitos o Racionais havia se tornado muito mais que um
grupo de rap. O quarteto paulistano se transformou em um símbolo, cujas ações,
falas e frases foram apropriadas por
todos os que se sentiam representados por elas e a reação a qualquer mudança de
postura não seria amena, tamanha a importância que seus discursos ganharam,
mesmo que não se sentissem tão a vontade com isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Enfim. O
Brasil mudou, a realidade dos integrantes do Racionais idem e, nada
mais natural que a música feita por eles acompanhasse essa mudança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O
discurso já se mostra ácido no início quando Brown declama “Na terra onde o
herói matou um milhão de índios” e segue. O grupo continua falando do lugar de
onde vierem, sob uma nova perspectiva, mas é do lugar do negro. Ice Blue
acentua seu poder de consumo na faixa “<b><i>Eu compro</i></b>”, mas deixa claro que nem
o poder aquisitivo altera o fato de ser um negro no Brasil:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> “<i>um pingente de ouro com diamante safira, no
pescoço um cordão os bico vê não acredita, que um neguim sem pai que
insiste pode até chegar, entrar na loja ver uma nave zero e dizer, eu quero eu
compro e sem desconto, à vista, mesmo podendo pagar tenha a certeza de que vão
desconfiar, pois o racismo é disfarçado há muitos séculos, não aceita seus
status, nem sua cor</i>”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os versos
acima talvez sejam um pouco do que representa “Cores e Valores”. O indivíduo negro
que outrora somava-se à massa de despossuídos ostenta uma vitória e uma
condição que nunca lhe foi atribuída ou permitida. Possibilidade
proibida, quase como uma afronta, e que agora é assumida, fazendo coro aos
garotos do “rolézim” e aos pobres que agora incomodam a classe média brasileira
quando ocupam, sem pedir licença, shopping centers e aeroportos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em “<b><i>Você
me Deve”</i></b> Brown exclama “<i>Vida
loka original, dos barracos de pau. Percebeu, que o vil
metal só não quer quem morreu, morou meu</i>? ”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os Racionais ,
como não poderia deixar de ser, continuam a cantar a periferia, mas uma
periferia que percebe seu poder, ganhou alguma mobilidade – ainda que mínima - e quer mais, muito mais do que falar das suas
mazelas. Quer espaço. Quer poder. Quer voz, num momento em que tem condições
para tanto. A capa de <i>Cores e Valores</i>
reflete essa periferia, que não vai pedir licença e vai ocupar o lugar que lhe
é devido. É trajetória do próprio grupo, descrita de forma metafórica naquela
imagem. Uma espécie de síntese das batalhas empreendidas em 25 anos, período em
que viveram no front e tiveram que lidar com o peso da narrativa apresentada
por eles bem como os ataques de um país moralista, elitista e, desde sempre,
racista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> O
disco abre espaço também para a auto-reflexão do grupo que completa duas
décadas e meia e experimentou episódios gloriosos e tristes. Em “<b>A Praça</b>” Edi Rock relembra o evento
trágico acontecido durante o show da banda na Virada Cultural 2007, que
resultou em diversos feridos na Praça da Sé. Fato superado. Os
sobreviventes do inferno mostraram em sua turnê comemorativa o quanto estão
amadurecidos bem como a capacidade agregadora do seu discurso, que hoje
atinge jovens e adultos das mais diversas classes e localidades. A voz forte de
Edi Rock retorna em “<b><i>O Mal e o Bem</i></b>”, faixa que traz
elementos da música negra produzida em meados dos anos 80, a qual o rapper
relembra os 25 anos de trajetória e os momentos marcados pela música do grupo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">“<b>Quanto vale o show</b>”, primeira música do
novo trabalho a ser divulgada, traz o sampleia “<i>Gonna fly Now</i>”, tema de Rocky o Lutador. A trilha é emblemática e,
a exemplo de “O mal e o Bem” também é saudosista. Brown relembra sua juventude
na selva de pedra paulistana, os primeiros bailes, as dificuldades financeiras
e sua relação com o samba e o soul, com ídolos como Curtis Blow e Bezerra da
Silva. O verso é viceral e tenta trazer a energia daqueles dias e denuncia que,
ainda naquela época “<i>O preto vê mil
chances de morrer, morô?</i><i> Com roupas ou tênis sim, por que não?</i>”. Anos atrás Mano Brown foi surpreendido com a
reação virulenta dos fãs contra a sua “Mulher elétrica”, música dançante, com
base funk sampleada do clássico <i>Eletric Lady</i> (Confunkshun). Sem se intimidar,
Paulo Soares apresenta outra balada soul com “<b>Eu te Proponho</b>”, primeira letra romântica da discografia do
Racionais, homenageando mestres como Cassiano, já apresentando um pouco do que
pode vir a ser o seu já anunciado disco solo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Embora
não seja o tema principal, o crime e a violência continuam a ser tratados nos versos
do grupo, como na faixa “<b><i>A escolha que eu fiz</i></b>”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><b><i>Cores e
Valores</i></b> não é unanimidade, como nenhum dos álbuns anteriores, embora possa ser
o mais controverso eles, mas, assim como os demais, demarca sua passagem com
dignidade. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-16295797965800087672015-01-12T20:44:00.001-08:002015-03-31T21:51:02.259-07:00Contra toda e qualquer violência...Indignar-se é preciso<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAgsg2uW8a0XWx9FyKfTkR_exmQl5YnpaCTh7sDQg_mBxs7_-KBjScbfY7ZMsuGJWBUWajDS58nsZEbw35ckbiqaGxtLdfJA1Drq9MFErFW16itzbBIEN42OmwVNoORN8Em51PgIL3gb65/s1600/violencia12.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiAgsg2uW8a0XWx9FyKfTkR_exmQl5YnpaCTh7sDQg_mBxs7_-KBjScbfY7ZMsuGJWBUWajDS58nsZEbw35ckbiqaGxtLdfJA1Drq9MFErFW16itzbBIEN42OmwVNoORN8Em51PgIL3gb65/s1600/violencia12.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Anistia Internacional tem se
manifestado de forma muito veemente contra o genocídio de jovens negros no Brasil.
Um relatório recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que a
polícia brasileira matou em 5 anos mais do que a polícia norte-americana matou
em 30 anos. 11.197 óbitos no Brasil contra 11.090 nas terras do Tio
Sam, num período seis vezes superior e a grande maioria das vítimas são pobres,
pretos e favelados. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O texto publicado na revista
Carta Capital da primeira semana de janeiro, intitulado “A violência tem cor”,
escrito pelo diretor da Anistia Internacional, Atila Roque, chamava a atenção
para o quanto essa violência é sistêmica e, pior ainda, naturalizada. Como se
não bastasse a disparidade econômica, a invisibilidade histórica e social, o
jovem negro no Brasil ainda precisa lidar com o fato já aceito de que tem maiores
possibilidade de morrer assassinado do que indivíduos de outros grupos étnicos.
O mesmo texto chama a atenção ainda para o caso do assassinato do jovem Michael
Brown, na cidade de Ferguson. O garoto desarmado que foi morto a tiros por um
policial branco. Aquilo causou uma comoção em todo o país, revolta que acabou
reverberando em várias partes do mundo. No Brasil esses assassinatos não
significam quase nada. Pertencem à “ordem natural das coisas” como se essa
fosse uma trajetória inevitável destes jovens. Já dizia Edy Rock na música “Negro
Drama” (Racionais MCs) “Me ver pobre, preso ou morto já é cultural”. A letra resume bem a situação. Está tudo aí,
colocado: a violência, a pobreza, as drogas e um massacre que,
inexplicavelmente é visto como algo banal. Nada, simplesmente nada aconteceu. Me
lembrei de um episódio de quando eu estudava na 7ª série numa escola estadual
do bairro onde cresci, Jardim Alvorada, região noroeste de Belo Horizonte. Estudávamos
no turno da noite e um amigo meu mexeu com um policial que estava do lado de
fora. Ele gritou lá de cima “Ô gambé!”. O PM olhou e viu nós dois. Era uma
brincadeira, coisa de criança. Principalmente de uma criança acostumada a ver a
polícia tratar todo mundo com desrespeito. Quem mora nos bairros mais pobres
sabe do que estou falando. Quando saímos fomos prontamente abordados por 3 ou 4
policiais. Um deles foi bem claro quando apontou a arma para o meu rosto e
disse com todas as letras que, se quisesse, me mataria ali mesmo e não
aconteceria nada. Meu corpo só ficaria ali, com “um buraco na cabeça”, como ele
enfatizou bem. A situação talvez não tenha ficado pior porque um deles tratou
de conter os demais colegas, dizendo que éramos só estudantes e trabalhadores.
Fomos liberados. Lógico que me assustei.
Mas não acreditava, naquele tempo, que pudéssemos, de fato, nos tornar vítimas
ali, naquele dia e local. Anos depois, quanto mais leio a respeito, vejo
notícias, dados estatísticos, mais percebo que o policial não estava mentindo. Realmente
ele poderia fazer o que quisesse ali e não aconteceria nada, assim como não
aconteceu nas vários assassinatos que ocorrem no Brasil ano após ano.
Precisamos nos indignar com toda e qualquer violência, aqui, ou em qualquer
parte do mundo, e não é possível que tantas mortes continuem sendo
tratadas como números estatísticos frios. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-37807325191134625142014-10-19T18:27:00.001-07:002014-10-19T18:27:50.291-07:00Já perdemos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinSLAMEtJFZ5m1VELI_qk3VCvjY7Aa-2oJzTsE3G5D9jNT63XUblmIOhv_qbL7iJxETTpTDLO32zItMvdpSGvyAjocU0GUGmQZ2wrSZY2ZI9R8BsMfpXS38QixL8JFB208mLgP_Fc899I2/s1600/intole.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinSLAMEtJFZ5m1VELI_qk3VCvjY7Aa-2oJzTsE3G5D9jNT63XUblmIOhv_qbL7iJxETTpTDLO32zItMvdpSGvyAjocU0GUGmQZ2wrSZY2ZI9R8BsMfpXS38QixL8JFB208mLgP_Fc899I2/s1600/intole.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nestes dias de demonstrações
públicas de intolerância, preconceito e muita desinformação, fica patente (mais
ainda) o nosso despreparo gritante em lidar com as diferenças. Me assustei muito com a dificuldade de compreensão
e a leitura limitada de mundo, e isso vindo de gente jovem e supostamente “esclarecida”,
numa época em que o conhecimento está
mais acessível do que nunca. Atribuíram
a “ignorância” e a “desinformação” ao povo nordestino, devido à escolha feita
por eles durante o primeiro turno das eleições, quando a maioria dos votos foi
para Dilma Rousseff, mas foi nas regiões desenvolvidas economicamente que vi,
li e ouvi as manifestações mais assustadoras e violentas, partindo justamente
dos mesmos que desqualificaram de forma tão vil a escolha dos nordestinos. A violência
que tem se propagado nestes dias é tanto física quanto verbal. Coisas
inacreditáveis trazendo à tona as piores e mais retrógradas facetas da “humanidade”.
Em suma: isso denota qualquer coisa, menos “esclarecimento”.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Independente dos rumos a serem
seguidos daqui em diante, sofremos, a <i>priori</i>,
uma derrota que não depende do resultado das urnas. Imaginava que estávamos em
um determinado patamar de civilidade e tolerância, mas me enganei. E o problema
tem raízes mais profundas que a mera falta de acesso à educação formal. Não é o
caso e as agressões, mesmo que muitas vezes se restrinjam ao campo do simbólico,
não têm partido dos grupos social e historicamente marginalizados.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Está claro que somos uma
sociedade míope e ensimesmada cujo olhar, salvo raras exceções, tem se mostrado
incapaz de ir além dos limites do próprio umbigo, com preconceitos velados há
séculos e que agora se mostram escancarados, ainda que dissimulados. E seguimos
assim, norteados não pelos direitos coletivos ou indignados com a privação do
outro, mas pelo viés mais mesquinho no qual os “meus” e os “seus” direitos estão
em primeiro lugar e se transformam em privilégios na medida em que a
preocupação primeira não é torná-los acessíveis a todos. Se não conseguimos nos conectar e nos
transformamos em uma sociedade em que apenas o espelho é tolerável, nós já
perdemos.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-37736986942953852492014-07-13T17:21:00.001-07:002014-07-14T08:32:12.498-07:00A "elite" brasileira já nasceu falida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxhFZcnFOK7g_0zeyIexzLmIm7Q9DRN1JGfHhJDU1V4c5lgg0ulWoT51WMCBqQSMyPlb9vcotHViW_5JI-9DhjSly8AD0JoYDFaF8NUdlUJyF_2MFReAw1RUQYFryb6hRD51MyEsz5dBQP/s1600/Danusa+Le%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxhFZcnFOK7g_0zeyIexzLmIm7Q9DRN1JGfHhJDU1V4c5lgg0ulWoT51WMCBqQSMyPlb9vcotHViW_5JI-9DhjSly8AD0JoYDFaF8NUdlUJyF_2MFReAw1RUQYFryb6hRD51MyEsz5dBQP/s1600/Danusa+Le%C3%A3o.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nossa "elite" está
longe de ser exemplo para alguma coisa. Os afortunados do Brasil são exemplo
sim de má educação (demonstram isso publicamente em estádios), egoísmo,
desconhecimento histórico, obscurantismo e preconceitos que são
inexplicavelmente assimilados pelas classes populares. Francamente, não dá para
chamar exatamente de “intelectualizado” um grupo que tem em uma publicação como
a Veja a sua principal porta voz. A “elite” deste país não é sequer
esclarecida, é moldada em grande parte pelo medo. Medo da perda de posições, da
perda da exclusividade, da perda do poder. Uma pseudo aristocracia ridícula e
atrasada que se coloca contra os avanços mais básicos incluindo políticas de
inclusão social como reforma agrária, ações afirmativas ou qualquer movimento
que ameace seus privilégios. É tão míope que consegue enxergar “privilégios”
nas tentativas ainda ínfimas e insuficientes de repartir o bolo com o restante
da população que não se encontra entre os eleitos pela falácia da meritocracia,
facilmente desmentida pela experiência do cotidiano, ou com dados básicos acessíveis com uma busca
simples pelo Google. Este atraso de
pensamento não deixa de ser sintomático em um país que foi o último a abolir o
regime escravocrata, mediante pressão internacional ainda. É uma casa grande
desesperada em manter a “senzala” à distância. Pela sua incapacidade de acompanhar qualquer mudança, é uma elite que já nasceu falida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O pior é perceber que este
conjunto de bobagens inspira quem aspira alcançar a posição dos 10% mais ricos:
o comportamento egoísta, a ojeriza a tudo que venha das classes populares e o
medo. Só que, neste caso (dos aspirantes à elite), é o medo ainda mais
irracional de perder o que sequer foi alcançado. Não deixa de ser curioso, como
uma classe mimada que coloca entre suas maiores preocupações a perda do acesso exclusivo
a aeroportos consiga ter uma base tão gigantesca de candidatos e como essa ideologia pode ser replicada de forma tão massificada e irrefletida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-34064162520666484602014-06-05T20:58:00.001-07:002015-05-24T18:52:15.546-07:00...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVQkooqe2Zl-xsjksATAQ19ohim_8cVzXok8CuL09Z7LQKxWexCx4PsYt53ERaNae4I_HgMurl3PKFFqH9WsGxB6MBAlSBU02JYJhxb2vGXjsyBOjMw_2TADL4Cv0joNhMw2u0imrqch5c/s1600/Assim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="159" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVQkooqe2Zl-xsjksATAQ19ohim_8cVzXok8CuL09Z7LQKxWexCx4PsYt53ERaNae4I_HgMurl3PKFFqH9WsGxB6MBAlSBU02JYJhxb2vGXjsyBOjMw_2TADL4Cv0joNhMw2u0imrqch5c/s1600/Assim.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Liguei a TV numa manhã, não me
lembro o dia, e o jornal mostrava cenas de um homem chamado Natanael em seus
últimos momentos de vida. Acuado, o homem negro que aparentava ter entre 27 e
30 anos tentava se desvencilhar de um policial militar armado que não pretendia
apenas prendê-lo. Natanael não tinha nada nas mãos e queria se entregar, se
isso fosse possível. Desesperado ele
repetia “vou morrer, você vai me matar”.
O que veio a seguir foi um estampido, seco, precedido do silêncio. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O vídeo foi feito por um celular
e ajudou e desmentir a versão do BO que dizia que Natanael havia trocado tiros
com os policiais. Não me inteirei sobre o restante da história, não sei quem
era o homem chamado Natanael, só sei que vi uma execução e fiquei péssimo com
aquilo, de uma forma que não consegui descrever nem para mim mesmo. Vi um homem
acuado, num jogo de gato e rato, alguém que engrossou as estatísticas às quais
pertencem DGs, Cláudias e Amarildos Brasil afora, desde muito tempo. Me senti pequeno como nunca me senti antes,
impotente como jamais poderia imaginar, porque ali não havia nada que alguém
pudesse fazer, o fato estava no passado,
morbidamente registrado talvez pra nada, porque Natanael não foi a primeira e nem última vítima deste tipo de violência, fato
recorrente nas áreas mais pobres, contra os mesmos grupos e, quase sempre, perpetrada
por agentes do estado. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Neste dia não engoli o choro, não
deu, não quis. Também não posso e não
quero fingir que nada aconteceu. Natanael, seja quem for, deixou mulher, pais e
filhos. E se nada for feito, ele
continuará sendo apenas mais um número numa estatística triste, que se repete
ano após ano, década após década, na qual pobres, oriundos das periferias
brasileiras, são as principais vítimas da violência urbana.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-23261897224777111342014-05-07T19:58:00.000-07:002014-06-09T20:10:23.612-07:00Ninguém aqui é macaco<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1mclcu3YPVLf7dEqg4zSXfy83SshA4L2gY2vu-V76S1tBNvGO09w28hCA4ut8-qaGnzqd6_UJIcBPLNjKRg0Q2acn4YePl75RAg8vdfXmW0IIGuHoLctIeSNhrq_8FpjI9ZtE__hqwU2X/s1600/NeyAFRICA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1mclcu3YPVLf7dEqg4zSXfy83SshA4L2gY2vu-V76S1tBNvGO09w28hCA4ut8-qaGnzqd6_UJIcBPLNjKRg0Q2acn4YePl75RAg8vdfXmW0IIGuHoLctIeSNhrq_8FpjI9ZtE__hqwU2X/s1600/NeyAFRICA.jpg" height="150" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
A essa altura o episódio em que o jogador Daniel Alves foi
hostilizado por um torcedor que lhe arremessou uma banana já é notícia velha. Mais
uma dessas manifestações racistas imbecis, que são muito mais um indício de
pouco desenvolvimento mental do sujeito do que de “maldade” propriamente dita. Alves
foi rápido na reação, ao comer a banana e marcar o gol contra o time do
agressor. O que se segue é algo que
extrapola (negativamente) a própria reação do jogador, com manifestações de "apoio" que, se de um
lado apontam uma certa intolerância torta ao racismo (pelo menos no futebol, porque
no cotidiano ele passa totalmente batido), do outro apresenta um raciocínio geral
limitado em relação a todo um processo de redução, desumanização da população
negra no país.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Quando vi várias pessoas, entre anônimos e “celebridades”
compartilhando a hashtag #SomosTodosMacacos fiquei curioso pra saber de onde
veio, e se já me causava uma reação negativa natural isso aumentou quando soube da ideia publicitária por traz
de tudo. Mais ainda quando vi Luciano Huck fortalecendo a pseudo campanha anti-racismo, que mais revela e fortalece o preconceito que qualquer outra coisa.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Compartilhei a indignação no meu perfil do facebook, já esperando os ataques
uma vez que o absurdo parecia ser um consenso, até por contar com a assinatura
do Neymar. Supreendentemente tive apoios com os quais não contava. O post traduz o
sentimento melhor que qualquer explicação que eu possa dar agora e tenho dito:
#NinguémAquiÉmacaco</div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #37404e; font-family: "Tahoma","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #37404e; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A campanha do "todos
somos macacos" é uma criação publicitária travestida de movimento, e
equivocado ainda por cima.</span><span class="apple-converted-space" style="color: #37404e; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<span style="color: #37404e; font-family: "Tahoma","sans-serif";"><div style="font-size: 10pt; line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">A ideia "brilhante" (Só Que Não) foi
desenvolvida pelo publicitário Guga Ketzer, com a intenção de "tirar a
força da palavra do agressor preconceituoso".</span><span class="apple-converted-space" style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;"> </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13px; line-height: 15.333332061767578px;"><br /></span></div>
<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"><div style="font-size: 10pt; line-height: 115%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Despolitizar a questão vai na contra-mão de todo
um processo de luta de negros e negras contra a pecha estigmatizante do
"maca</span><span class="textexposedshow" style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">co". O xingamento em questão sempre
foi usado com o objetivo de desumanizar, reduzir quem já foi espoliado das mais
diversas formas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13px; line-height: 15.333332061767578px;"><br /></span></div>
<span class="textexposedshow" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Pra quem não sabe o que é isso na pele
(literalmente) ou se porta como mico domesticado aderindo a qualquer coisa sem
reflexão, é muito fácil adotar o sorriso blasé de "gente bonita e
descolada" pegando carona no ato do Daniel Alves (que tem outro contexto).
Na prática a parada toda acaba reforçando o discurso da turma do deixa disso,
de que preconceitos e afins são culpa do discriminado. Aquela coisa repugnante
de se ouvir e ler:"o maior racista é o próprio negro".</span></div>
</span>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span class="textexposedshow" style="font-size: 10pt; line-height: 115%;"><div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Tahoma, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 115%;">Gol contra, Neymar. Prefiro ficar como antipático
(assumido), sem esportiva a compartilhar a tal hashtag. Não sou macaco, muito
menos amestrado por campanhas idiotizantes.</span></div>
</span></span></span></div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-83052453662319181022014-03-18T20:26:00.002-07:002014-06-09T20:09:55.309-07:00Entre Amarildos e Cláudias<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9MSvh9tOW-yCXQL_N0xi8K2OSCHKhWgM5gRZh1j2e0mcQLOoG91FC3hTR_qUDKIJTqbUUV83krSmQY4TOEANaPVAejBYbXoDm2qPiWoaH7jwFZ3SmK4J6NnD8DZdoDgo4xLPsvpKBvUgK/s1600/rio296069.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9MSvh9tOW-yCXQL_N0xi8K2OSCHKhWgM5gRZh1j2e0mcQLOoG91FC3hTR_qUDKIJTqbUUV83krSmQY4TOEANaPVAejBYbXoDm2qPiWoaH7jwFZ3SmK4J6NnD8DZdoDgo4xLPsvpKBvUgK/s1600/rio296069.jpg" height="240" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Amarildo, ajudante de
pedreiro, outrora anônimo, cujo nome virou sinônimo de marginalizados que
engrossam as estatísticas dos desaparecidos nas favelas brasileiras. Os demais “desaparecidos”
sequer têm nomes ou rostos.</div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
Essa semana outro nome virou sinônimo de brutalidade nas
periferias dos grandes centros: Cláudia Silva Ferreira, mulher de 38 anos,
moradora do Morro da Congonha (RJ) baleada e depois jogada no porta-malas da
viatura que abriu e arrastou seu corpo por vários metros. </div>
</div>
<div class="MsoNormal">
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
Ouvi pelo noticiário que vão investigar o motivo do porta-malas
se abrir durante o trajeto quando os questionamentos mais básicos não estão
sendo feitos. Os policiais abriram fogo de forma irresponsável em uma comunidade
sem se preocuparem se alguém poderia ser atingido. Nada novo, a história é
velha e não será a última ocorrência. A segunda questão é o descaso com que Cláudia
foi tratada, jogada no porta-malas da viatura... Não é apenas descuido é
descaso. Tudo motivado pela certeza de
que ali, naquele local, residem grupos humanos (ou nem isso) menos dignos de
respeito. Antes de criar unidades
pacificadoras é necessário humanizar a polícia.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-58479739464075451202014-03-05T20:46:00.000-08:002014-03-05T20:46:29.024-08:00ROBOCOP<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTvUrFC57dALVC9rV8qJsp9CsHNdC-ipJcG6DhtJP04_092LT7k4Q6RuYzUWNLEk5SomEIMerukO1ZeEiH_cfvyv5BcpTrgnUU3f8H-xOfCig4B-VP4Vl8qADQchzrqw-327T8Kd6mRKc/s1600/RoboCop.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTvUrFC57dALVC9rV8qJsp9CsHNdC-ipJcG6DhtJP04_092LT7k4Q6RuYzUWNLEk5SomEIMerukO1ZeEiH_cfvyv5BcpTrgnUU3f8H-xOfCig4B-VP4Vl8qADQchzrqw-327T8Kd6mRKc/s1600/RoboCop.jpg" height="200" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>José Padilha supera
o estigma dos remakes ao apresentar uma versão relevante do policial do futuro<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
José Padilha, responsável pelos
dois “Tropa de Elite” e “Ônibus 174”, encarou um desafio espinhoso ao refilmar
o clássico Robocop, do profícuo cineasta Paul Verhoven. Há tempos Hollywood sofre de uma profunda
crise criativa (dos produtores e não dos diretores), resultado do inchaço da
própria indústria que a obriga a recorrer a fórmulas comprovadamente funcionais
e rentáveis, e eis que os famigerados <i>remakes</i>
se apresentam como soluções excelentes para manter os cofres aquecidos. Claro,
o resultado, na maioria das vezes é catastrófico, vide a versão (desnecessária,
como a maioria) do filme Psicose, de Alfred Hitchcock. A desastre comprovado no desperdício de
película em questão serviu como aviso de que algumas coisas não precisam e não
devem ser refeitas, embora isso pouco signifique para a lógica do lucro, que,
no fim das contas é o principal motor da máquina hollywoodiana. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enfim, em meio a este cenário de
reproduções caça-níqueis, o Robocop do brasileiro José Padilha consegue um
resultado bem acima da média. Embora o estilo marcado pelo humor ácido e
violência explícita constituíssem características marcantes das obras de Paul
Verhoven, o que torna ainda mais complicada qualquer tentativa de emulá-las,
Padilha imprime sua própria visão e estilo ao filme. A história, que explora o papel das megacorporações
e sua influência na política e, consequentemente, na vida cotidiana, estabelece
diálogo direto com os trabalhos do diretor brasileiro, que já explorava o tema
da violência exercida pelo poder em seus filmes anteriores. Sob o olhar de
Padilha, a história do policial Alex Murphy abordou temas atuais, como a
crescente militarização da segurança pública, e apresentou situações que servem
de alusão tanto à interferência bélica dos Estados Unidos no oriente médio e
demais economias em desenvolvimento, quanto às ocupações das favelas cariocas,
através das UPPs (Unidades Pacificadoras). A violência apresentada no filme de
1985 era clara, sem subterfúgios, além de tratar de outros temas incômodos e
que ainda são pautas para a sociedade atual. A nova versão mantém a relevância
e consegue ser mais que uma simples (e dispensável) atualização do original. O
drama do homem que tem mais de 90% do seu corpo substituído por próteses
cibernéticas e se esforça para manter sua humanidade ganha outros contornos,
deixando a perspectiva do policial Alex Murphy mais evidente. Samuel L Jackson interpreta um apresentador
sensacionalista e reacionário, bem ao estilo Sheherazade e Datena, o que conduz
o espectador pelo viés ideológico da mídia vigente, bem como pelo loby dos
setores conservadores, ao mesmo tempo em que apresenta um sub-texto que
contradiz o discurso oficial apresentado. O filme traz pontos de vista
diversos, sobre questões que estão longe de ser simples o que fez com que
alguns o apontassem como uma obra confusa e indefinida. Para mim, a escolha por
uma visão caleidoscópica é ousada e traduz bem o grau de fragmentação em que as
sociedades se encontram. A transcrição de um cenário complexo como este não é
tarefa das mais simples, mas o resultado não deixa a desejar.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entre tantas coisas, é bom
perceber que a assinatura de Padilha se mantém intacta e, independente das
inevitáveis comparações com o anterior, para o bem e para o mal, o novo Robocop
não é um mero pastiche e não supera apenas a qualidade duvidosa da onda de
remakes, é também um filme de verão superior a outros trabalhos feitos para
agradar a audiência.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-68922700261015944462014-02-02T17:25:00.000-08:002014-02-02T17:26:36.597-08:00Paradigmas em desconstrução (não é só um beijo)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijA9eYz8IdHGbc2riWMGVUNCR0quKwt2PKm2RMw3coGiXqo6e_TQjGA6jIU-pN9pYOVoDdzGLi3dZBMEPWFfKDXLwFUZjm89XQswiEMXvWYMPhuFt7b87XfXnjFjQ0QdV1gSkwbYdB1YSi/s1600/beijo-felix-niko.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijA9eYz8IdHGbc2riWMGVUNCR0quKwt2PKm2RMw3coGiXqo6e_TQjGA6jIU-pN9pYOVoDdzGLi3dZBMEPWFfKDXLwFUZjm89XQswiEMXvWYMPhuFt7b87XfXnjFjQ0QdV1gSkwbYdB1YSi/s1600/beijo-felix-niko.png" height="178" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma das primeiras coisas que se
aprende na faculdade de comunicação é que a mídia não muda opiniões já
arraigadas na sociedade, mas influência na medida em que pode dar maior ou
menor visibilidade a determinadas tendências e demandas. Claro que isso não
exime os meios de comunicação da sua parcela de responsabilidade, uma vez que a
afirmação acima pode servir como desculpa para a reprodução irresponsável de
preconceitos, e não há inocência nisso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O beijo do final da novela “Amor à vida” é um
exemplo feliz da contribuição dos meios de comunicação no debate de temas
púbicos. Muito antes de entrar no mérito da qualidade narrativa das produções -
salientando que a novela em questão é um dos melhores produtos da
teledramaturgia nacional dos últimos anos – vale lembrar que a representação da
diversidade cultural, social e étnica nos meios midiáticos é de grande
importância para afirmação e aceitação das identidades. A ausência ou a representação estereotipada
das minorias (negros, mulheres, gays,
pobres...) nos veículos de massa serve apenas para reafirmar o lugar
desprivilegiado já ocupado por estes grupos, bem como para a continuidade dos
efeitos nefastos dessa exclusão. Antes
mesmo de ser uma iniciativa da TV, o beijo homoafetivo em “Amor à Vida” aponta
para a mudança na mentalidade de uma parcela significativa da população.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Me lembrei do primeiro beijo inter-racial na TV, protagonizado por Kirk e Ohura na série Star Trek, na América racista dos turbulentos anos 60. A comparação com o que foi realizado na novela global não é descabida.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O preconceito continua, mas um passo
importante foi dado. Faltam outros tantos, como um número de atores negros nas
TVs correspondente ao percentual de afrodescendentes no Brasil, representações
cada vez menos caricatas das chamadas minorias e, por fim, comemoração válida
mesmo será no dia em que essas reivindicações se tornarem desnecessárias.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-50022156477969674992013-12-17T17:16:00.000-08:002013-12-17T17:49:06.600-08:00Para todos os gostos<div class="MsoNormal">
Difícil evitar a sensação de fadiga e falta de esperança quando
você abre sua time line e lê o relato de um jovem covardemente agredido simplesmente
porque andava de mãos dadas com outro, e que isso ocorreu em um país em que essas discussões já avançaram muito. E qualquer resquício de otimismo vai a
zero quando você encontra pessoas próximas que aprovam o ato violento e
covarde, legitimando o ódio em nome de seja lá o que for, sobra até pra Deus
nessas horas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Um amigo meu comentou há
pouco o quanto estamos preparados pra odiar, pelas mais diversas razões.
Futebol, cor da pele, opção sexual, gênero, religião, partido político, nacionalidade...
O menu é vasto, pode escolher. Tem para todos os gostos...</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-50375927984212385562013-10-19T07:52:00.000-07:002013-11-30T18:29:24.205-08:00TEXTOS, ERROS, ACERTOS E RASCUNHOS<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCcQL8ff-CTTA3rAQvTwqPynF6fdDlMKXLjVtrM0Q0QaldcTJEhjTryCN_wc8hlQfmf83sP2naG00f4vqsqGuPom5kfXlA2Zn6HWVbWlTeKXlMTBJGkfBZs7P5L7AN9KtzMcYBfQAHd6fn/s1600/rascunho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCcQL8ff-CTTA3rAQvTwqPynF6fdDlMKXLjVtrM0Q0QaldcTJEhjTryCN_wc8hlQfmf83sP2naG00f4vqsqGuPom5kfXlA2Zn6HWVbWlTeKXlMTBJGkfBZs7P5L7AN9KtzMcYBfQAHd6fn/s320/rascunho.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Quando ingressei na faculdade de
jornalismo, em 2003, minha professora de produção de texto, Regina Motta,
chamou a atenção para algumas deficiências da minha escrita. Naquela altura do
campeonato o remédio era me dedicar bastante, tanto à leitura quanto à produção
textual. Não que isso fosse algum sacrifício. A ideia de aprender e
compartilhar isso de alguma forma me fascinava, e muito.</div>
<div class="MsoNormal">
Júlio César Buere, então meu professor de
ciências políticas, havia dito que escolhemos “uma vida ao lado de livros”,
outra ideia que me agradou em cheio e me perseguiu ao longo dos anos. Daí virei
consumidor ávido, embora ainda leia e escreva bem menos do que gostaria. </div>
<div class="MsoNormal">
Essa necessidade prática de
articular e registrar ideias me levou à criação do blog “No Foco”, espaço para
exercitar o pensamento e aprimorar habilidades necessárias ao ofício que
escolhi. Hoje, quando vejo várias das minhas postagens encontro ideias das
quais me orgulho, mas que foram mal articuladas, textos que me dão plena satisfação
por tê-los escrito e outros totalmente dispensáveis, até mesmo na finalidade.
Mas mesmo estes trabalhos menos dignos de ostentação foram necessários e dizem
muito sobre quem fui, quem sou e trazem alguns dos porquês de eu ter traçado
determinados caminhos. </div>
<div class="MsoNormal">
É meio que uma metáfora da vida.
Acho que todo mundo arrisca um pouco da sua porção filósofa em determinados
momentos, no meu caso, aniversários sempre despertam alguma reflexão
sobre minha própria trajetória, com seus erros, acertos, tentativas, avanços,
recuos, interrogações, exclamações e reticências...</div>
<div class="MsoNormal">
Assim como meus textos, meu caminho nessas mais de três décadas de vida possui partes das quais gosto
muito e outras nem tanto. Obviamente fico com o saldo positivo de tudo e, olhando
daqui, alguns episódios me parecem dignos de esquecimento, mas tiveram seu papel na minha
formação pessoal e até me ensinam da importância das tentativas e do valor dos
equívocos, que muitas vezes ensinam mais que muitos acertos. Aliás, perfeição é
algo muito chato (irreal até) e não pretendo persegui-la. O que não é uma
muleta para a repetição dos erros.</div>
<div class="MsoNormal">
Olhando adiante, o que me
impulsiona são as tentativas que me permitirão novos aprendizados. E me
interessa muito mais a liberdade, sem amarras e obrigações com as “certezas”,
do que as hesitações.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-786117746126394418.post-36724829407317535532013-10-08T20:52:00.002-07:002014-01-05T19:49:15.913-08:00RESPEITO É PRA QUEM TEM<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijCv5brf3-vDNnQycbeaEtq7XCTDdX92xkPkX9yoKm1WHnacxrHCobFd9yKfA_a6GQTxcwCspFvOToSqJSSUVsmz820CVOycWq5aQTzykGZiYsVqYKPnfXDpzyK8Rsb_HSqrANwZSb9V21/s1600/sabotage_sabota.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijCv5brf3-vDNnQycbeaEtq7XCTDdX92xkPkX9yoKm1WHnacxrHCobFd9yKfA_a6GQTxcwCspFvOToSqJSSUVsmz820CVOycWq5aQTzykGZiYsVqYKPnfXDpzyK8Rsb_HSqrANwZSb9V21/s320/sabotage_sabota.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A história de Sabotage é a
síntese da saga do próprio rap nacional, inicialmente desacreditado, oriundo
dos grotões das periferias dos grandes centros e hoje é celebrado e respeitado até mesmo por quem jamais teve o menor contato
com a arte.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A trajetória de Mauro dos Santos,
o Sabotage, se confunde com a de milhares de jovens rappers que surgiram durante
a segunda metade da década de 90, inspirados por nomes como Thaíde e DJ Hum,
Racionais MCs, Gog, Possemente Zulu, Câmbio Negro... </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><i>O Poeta do Canão</i></b>, nome
dado em referência à favela em que ele cresceu, na zona sul de São Paulo, era a
representante vivo, autêntico e sem maquiagem, de uma parcela do país que, embora numerosa, permanecia invisível para os meios de comunicação. Preto,
pobre e artista de um segmento tratado, até então, como uma espécie de
subcultura praticada pelos iletrados e alijados da “alta cultura”, sempre distantes
dos recursos que lhes possibilitariam produzir “música de qualidade”.<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando muito, o trabalho recebia
um olhar condescendente de quem o compreendia como expressão exótica de garotos
favelados que precisavam manifestar suas mazelas e revoltas. Sabotage significou, entre
outras coisas, uma quebra de paradigmas no terreno então pouco conhecido do rap
brasileiro. Com raríssimas exceções, entre as quais estão artistas como Racionais
MCs (ícones máximos do gênero), poucos discos de rap haviam recebido, naquela
época, tratamento que os colocasse em pé de igualdade com outros lançamentos do
mercado fonográfico nacional. <b>Rap é
Compromisso</b>, seu único álbum, já nasceu clássico. Produzido por Daniel Ganjaman, saiu pelo selo “Cosa
Nostra” do próprio Racionais, com distribuição da multinacional Sony Music,
além de receber a valiosa chancela do RZO, grupo responsável por mudanças significativas no
rap paulistano e, consequentemente, no rap nacional como um todo. <br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O rapper não passou a integrar a
programação das emissoras comerciais de rádio, movidas pela lógica do jabá, mas
entrou para o primeiro time do chamado “undergrownd”, numa escalada que muitos
consideraram repentina. Além de contar com participações em seu álbum de
figuras como Black Alien (então, vocal do Planet Hemp), Chorão (Charlie Brown
Jr), Rappin Hood e outros nomes respeitados na cena de São Paulo como Sombra e Bastardo (SNJ) e Ébano (Potencial
3) , Sabotage participou de gravações com Sepultura, B Negão, SP Funk, dividiu o
palco e cenas com o titã Paulo Miklos, recebeu o prêmio de melhor trilha sonora
pelo filme “O Invasor”, verdadeiro marco do cinema nacional, e ainda viveu o
personagem “Fuinha” no bem sucedido Carandiru, longa metragem de Hector Babenco, onde
contracenou com Wagner Moura, Rodrigo Santora e a eterna “ex-chacrete”, Rita Cadilac.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Toda essa ascensão "meteórica”
aconteceu no período de um ano, tempo entre o lançamento do seu disco e a morte
violenta que interrompeu sua carreira. Não são poucos os que atribuem ao
trabalho do velho Sabota uma boa parcela da responsabilidade pelo respeito que
o rap alcançou recentemente. E o papel do seu trabalho é inegável, sem dúvida. Mauro dos Santos foi um dos primeiros a romper com
um certo tradicionalismo e provar que a interlocução com outros segmentos era
possível, mais que isso, era desejável e necessária. Mostrou na prática que
ocupar os espaços e manter a autenticidade não eram coisas incompatíveis, e
abriu precedentes para que uma vindoura geração de MCs seguisse caminhos antes
inalcançáveis e até condenados dentro do universo das rimas e batidas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabotage quebrou uma certa noção preestabelecida
de “limites” para os padrões do rap nacional e rompeu com a própria
invisibilidade decorrente da sua cor e classe social. A história do jovem que
abandonou o tráfico por ter encontrado na arte uma alternativa traz reflexões
importantes sobre outros potenciais que se perdem pela ausência de
oportunidades, falta reforçada pelas políticas cegas e ineficazes de combate ao
crime, mais centradas em gerar corpos e prisões do que em desenvolver ações capazes
de promover a inclusão. </div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tive a feliz oportunidade de
conversar com Mauro Mateus, antes mesmo de tudo o que aconteceu com a sua música, ainda no início da carreira. "Maurim", como era chamado pelos mais próximos, era
simples, dono de uma inteligência inata que lhe permitia vislumbrar horizontes
a quilômetros de distância. Na época ele sugeriu de nos ajudarmos mutuamente,
quando os respectivos CDs fossem lançados. Nunca mais o vi. Já naqueles dias
ele contava com as bênçãos dos gigantes lendários do rap brazuca (Racionais, Thaíde, Rappin Hood...), mesmo assim tinha
a sensibilidade de perceber que o caminho era construir pontes. Sabotage representou a todos nós e ensinou também que “rap é
compromisso, não é viagem...” Assim como um de seus
versos, ele não fez sua "parte pela metade", e deixou bem claro que “respeito é pra quem
tem”.</div>
Roger Deffhttp://www.blogger.com/profile/09152346633625811024noreply@blogger.com1