Os recentes e bizarros
acontecimentos da política nacional puseram em xeque alguns preceitos básicos
da democracia. Me refiro, claro, à estranha escolha de Marco Feliciano (PSC - SP)
para presidir a Comissão de Direitos Humanos, escolha essa que se deu a revelia
das minorias que a tal comissão deveria representar.
Nada com mais cara de piada
de mau gosto do que a indicação de alguém com um perfil tão intolerante para a
cadeira de uma comissão que precisa discutir questões relativas às liberdades individuais e contribuir para a discussão dos direitos de grupos historicamente
marginalizados. A escolha, resultado de um pragmatismo político que ignorou
completamente os anseios da população, é uma aberração, na falta de termo
melhor.
O Deputado do PSC e pastor
evangélico Marco Feliciano incita o ódio, quando declara abertamente seu
preconceito em relação aos homossexuais, justifica o racismo e contribui para a
demonização das tradições afro-brasileiras quando atribui as mazelas do
continente africano (e a própria situação dos negros em todo o mundo) ao “paganismo”,
demonstrando uma visão estreita, típica de quem não está pronto para lidar com
a diversidade, características totalmente incompatíveis com as atribuições do
cargo em questão.
Não tardaram as piadas nas redes sociais nas quais o traficante Fernandinho Beira Mar aparecia como nome para a Comissão Especial de Políticas Públicas e Combate às Drogas. Talvez as pessoas não se deem conta, mas ele teria tanta afinidade com a função quanto Feliciano, talvez mais, já que ele de fato se dá conta dos problemas relacionados ao uso de drogas, ao passo que o pastor é norteado por ideologias oriundas da idade média e possui uma sensibilidade limitada, se não inexistente, em relação ao “outro”.
Não tardaram as piadas nas redes sociais nas quais o traficante Fernandinho Beira Mar aparecia como nome para a Comissão Especial de Políticas Públicas e Combate às Drogas. Talvez as pessoas não se deem conta, mas ele teria tanta afinidade com a função quanto Feliciano, talvez mais, já que ele de fato se dá conta dos problemas relacionados ao uso de drogas, ao passo que o pastor é norteado por ideologias oriundas da idade média e possui uma sensibilidade limitada, se não inexistente, em relação ao “outro”.
A indicação do Deputado
para o cargo ocorreu no dia 06/03 e gerou protestos dos mais diversos,
principalmente por parte dos grupos diretamente afetados.
No mesmo dia, manifestações
contrárias ao nome pipocaram nas redes, numa demonstração clara de que a
população não estava de acordo.
No dia seguinte, 07/03, a
votação aconteceu de portas fechadas, sem a presença daqueles que poderiam se
manifestar contra, numa afronta direta às práticas democráticas. A Câmara dos
Deputados se viu desmoralizada ao perceber o alto índice de rejeição ao nome do
novo presidente da Comissão.
Nos dias que se seguiram os protestos chegaram às ruas, com passeatas em dezenas de cidades. Petições Públicas foram assinadas e as declarações contrárias ao seu nome se intensificaram nas redes sociais, contando inclusive com a adesão de famosos como os apresentadores globais Xuxa e Luciano Huck. Até mesmo alguns representantes da comunidade evangélica se pronunciaram contra a permanência de Marco Feliciano no cargo.
Nos dias que se seguiram os protestos chegaram às ruas, com passeatas em dezenas de cidades. Petições Públicas foram assinadas e as declarações contrárias ao seu nome se intensificaram nas redes sociais, contando inclusive com a adesão de famosos como os apresentadores globais Xuxa e Luciano Huck. Até mesmo alguns representantes da comunidade evangélica se pronunciaram contra a permanência de Marco Feliciano no cargo.
Nada disso surtiu efeito,
então fica no ar a questão: Como podemos acreditar que vivemos numa sociedade
democrática se a vontade do povo não é respeitada?
A essa altura do campeonato
ele com certeza está sorrindo, com a plena certeza de que as os protestos são
inúteis. O caso em questão contraria tudo que sempre defendi no que diz
respeito à participação efetiva das pessoas nas questões públicas. A ironia é
que, pelo menos neste episódio, quem nunca acreditou na força das mobilizações
e sempre defendeu que se trata de um jogo de cartas marcadas, estava certo.
Em alusão ao artigo da Carta Capital: Não se trata de um dia para ser
esquecido, mas de dias para serem esquecidos.