Nossa "elite" está
longe de ser exemplo para alguma coisa. Os afortunados do Brasil são exemplo
sim de má educação (demonstram isso publicamente em estádios), egoísmo,
desconhecimento histórico, obscurantismo e preconceitos que são
inexplicavelmente assimilados pelas classes populares. Francamente, não dá para
chamar exatamente de “intelectualizado” um grupo que tem em uma publicação como
a Veja a sua principal porta voz. A “elite” deste país não é sequer
esclarecida, é moldada em grande parte pelo medo. Medo da perda de posições, da
perda da exclusividade, da perda do poder. Uma pseudo aristocracia ridícula e
atrasada que se coloca contra os avanços mais básicos incluindo políticas de
inclusão social como reforma agrária, ações afirmativas ou qualquer movimento
que ameace seus privilégios. É tão míope que consegue enxergar “privilégios”
nas tentativas ainda ínfimas e insuficientes de repartir o bolo com o restante
da população que não se encontra entre os eleitos pela falácia da meritocracia,
facilmente desmentida pela experiência do cotidiano, ou com dados básicos acessíveis com uma busca
simples pelo Google. Este atraso de
pensamento não deixa de ser sintomático em um país que foi o último a abolir o
regime escravocrata, mediante pressão internacional ainda. É uma casa grande
desesperada em manter a “senzala” à distância. Pela sua incapacidade de acompanhar qualquer mudança, é uma elite que já nasceu falida.
O pior é perceber que este
conjunto de bobagens inspira quem aspira alcançar a posição dos 10% mais ricos:
o comportamento egoísta, a ojeriza a tudo que venha das classes populares e o
medo. Só que, neste caso (dos aspirantes à elite), é o medo ainda mais
irracional de perder o que sequer foi alcançado. Não deixa de ser curioso, como
uma classe mimada que coloca entre suas maiores preocupações a perda do acesso exclusivo
a aeroportos consiga ter uma base tão gigantesca de candidatos e como essa ideologia pode ser replicada de forma tão massificada e irrefletida.