domingo, 18 de outubro de 2009

As idiossincrasias do edifício de Will Eisner



Will Eisner (1917- 2005) é um dos mais importantes nomes dos quadrinhos de todos os tempos, responsável (ao lado de outros autores) por conferir aos gibis o status de arte autônoma, ao criar o conceito de Graphic Novel em 1978 com sua obra “A contract with god”. Daquele momento em diante os quadrinhos iniciavam sua jornada rumo a caminhos que levariam à criação de obras primas como Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons (1985) e Dark Knight, de Frank Miller e Klaus Janson (1986).

Eisner se tornou um mestre em contar histórias fantásticas mas de um ponto de vista cotidiano, com as características humanas como foco central, a exemplo de sua criação mais conhecida, o personagem Spirit.

“O edifício”, quadrinho escrito e desenhado por Eisner em 1987, é uma metáfora sobre a própria vida. A existência de um determinado edifício situado em Nova York se mescla às trajetórias de quatro indivíduos.
O enredo nos leva a vivenciar os dramas, desilusões e anseios de personagens extremamente críveis e tridimensionais, pessoas comuns, que ganham contornos poéticos sob o lápis e imaginação de Eisner.

Monroe Mensh, um típico cidadão novayorquino, Gilda Green, uma bela mulher, Antonio Tonatti, um talentoso violonista e P.J Hammond um milionário. Personagens trágicos, cuja única característica em comum é o fato de suas histórias estarem irremediavelmente ligadas ao edifício, o local onde toda a trama se desenrola.

É neste momento, quando somos apresentados aos “heróis”, que entra o elemento fantástico da história: são quatro fantasmas, mas todo surrealismo se encerra por aí. O que vêm a seguir são enredos tocantes, que nos fazem pensar sobre as limitações inerentes ao próprio percurso da vida, nossos sucessos, anseios e fracassos.

Após ler essa obra é difícil não olhar para cada constructo de concreto da cidade e imaginar as histórias que fizeram e fazem parte da existências destes espaços, como o próprio Will Eisner disse no prefácio da Graphic Novel:

Agora estou certo de que essas estruturas marcadas por risos e manchadas por lágrimas são mais do que edifícios inertes. É impossível pensar que, ao fazerem parte da vida, não tenham absorvido as radiações provenientes da interação humana. Eu me pergunto sobre o que resta depois que um prédio é demolido.” Will Eisner - 1987

2 comentários:

Shabê disse...

Will Eisner foi talvez o mais classudo dos quadrinhos. Lembrando que outros, como Robert Crumb, também usaram o cotidiano como matéria prima, antes até, com qualidade mas menos charme. Salve Deff!

Black Sonora disse...

Salve Roger!

Só hj entrei no seu blog para ler este post, foi mal...

Wil Eisner é o grande mestre da "Arte Sequêncial", podemos dizer que os quadrinhos são divido em "Antes de Eisner" e "Depois de Eisner", o cabra é referência, criou estilo, reinventou a forma de contar estórias.

Shabê citou Robert Crumb, outro mestre do "quadrinho underground", mas Eisner é antecessor no uso do cotidiano como matéria prima.

Depois saca este blog http://osilenciodoscarneiros.blogspot.com/ é de um broder meu de Nanuque, o cabra que me aplicou no mundo dos Quadrinhos, vai curtir.

No mais... aquele abrAÇO

Yuga