Will Eisner (1917- 2005) é um dos mais importantes nomes dos quadrinhos de todos os tempos, responsável (ao lado de outros autores) por conferir aos gibis o status de arte autônoma, ao criar o conceito de Graphic Novel em 1978 com sua obra “A contract with god”. Daquele momento em diante os quadrinhos iniciavam sua jornada rumo a caminhos que levariam à criação de obras primas como Watchmen, de Alan Moore e Dave Gibbons (1985) e Dark Knight, de Frank Miller e Klaus Janson (1986).
Eisner se tornou um mestre em contar histórias fantásticas mas de um ponto de vista cotidiano, com as características humanas como foco central, a exemplo de sua criação mais conhecida, o personagem Spirit.
“O edifício”, quadrinho escrito e desenhado por Eisner em 1987, é uma metáfora sobre a própria vida. A existência de um determinado edifício situado em Nova York se mescla às trajetórias de quatro indivíduos.
O enredo nos leva a vivenciar os dramas, desilusões e anseios de personagens extremamente críveis e tridimensionais, pessoas comuns, que ganham contornos poéticos sob o lápis e imaginação de Eisner.
Monroe Mensh, um típico cidadão novayorquino, Gilda Green, uma bela mulher, Antonio Tonatti, um talentoso violonista e P.J Hammond um milionário. Personagens trágicos, cuja única característica em comum é o fato de suas histórias estarem irremediavelmente ligadas ao edifício, o local onde toda a trama se desenrola.
É neste momento, quando somos apresentados aos “heróis”, que entra o elemento fantástico da história: são quatro fantasmas, mas todo surrealismo se encerra por aí. O que vêm a seguir são enredos tocantes, que nos fazem pensar sobre as limitações inerentes ao próprio percurso da vida, nossos sucessos, anseios e fracassos.
Após ler essa obra é difícil não olhar para cada constructo de concreto da cidade e imaginar as histórias que fizeram e fazem parte da existências destes espaços, como o próprio Will Eisner disse no prefácio da Graphic Novel:
“Agora estou certo de que essas estruturas marcadas por risos e manchadas por lágrimas são mais do que edifícios inertes. É impossível pensar que, ao fazerem parte da vida, não tenham absorvido as radiações provenientes da interação humana. Eu me pergunto sobre o que resta depois que um prédio é demolido.” Will Eisner - 1987
2 comentários:
Will Eisner foi talvez o mais classudo dos quadrinhos. Lembrando que outros, como Robert Crumb, também usaram o cotidiano como matéria prima, antes até, com qualidade mas menos charme. Salve Deff!
Salve Roger!
Só hj entrei no seu blog para ler este post, foi mal...
Wil Eisner é o grande mestre da "Arte Sequêncial", podemos dizer que os quadrinhos são divido em "Antes de Eisner" e "Depois de Eisner", o cabra é referência, criou estilo, reinventou a forma de contar estórias.
Shabê citou Robert Crumb, outro mestre do "quadrinho underground", mas Eisner é antecessor no uso do cotidiano como matéria prima.
Depois saca este blog http://osilenciodoscarneiros.blogspot.com/ é de um broder meu de Nanuque, o cabra que me aplicou no mundo dos Quadrinhos, vai curtir.
No mais... aquele abrAÇO
Yuga
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