Ontem recebi uma notícia triste pelo facebook. Um texto que contava como o Alexandre de Sena, ator mineiro que estava em Blumenau a trabalho, foi covardemente espancado por policiais. Um detalhe: Alexandre é negro. Não que a truculência policial só atinja negros, mas a forma como ele foi abordado é uma demonstração típica de preconceito, tão naturalizado no Brasil que se torna quase imperceptível.
Alexandre estava esperando alguns amigos em um posto de conveniências quando o PM ordenou que ele se retirasse utilizando a frase”vaza negão”.
A resposta foi uma série de agressões injustificadas contra alguém que estava desarmado, não representava ameaça de espécie alguma e apenas exigiu o respeito que lhe era devido. O mesmo tratamento raramente seria dado a alguém que se encaixasse no estereótipo dos “dignos” de respeito. É o reflexo claro de um país que ainda se mostra intolerante em pleno século XXI. Racista, para ser mais exato, algo que não se reflete apenas nesse episódio mas em números estatísticos absurdos que melhoram muito pouco a cada ano.
Uma observação minha: conversei com o Alexandre em poucas oportunidades mas sei que se trata de uma pessoa de boa índole. Trata-se de alguém extremamente cortez, que em nenhum momento desacataria ou desrespeitaria qualquer outro indivíduo (independente da patente) mas, como fez muito bem, não se permitiria ser uma vítima gratuita do abuso dessa mesma autoridade.
Não atenua, mas ele é um caso especial, porque é um negro que pôde estudar, não é vítima, também, da invisibilidade social. E quanto aos vários que sofrem o mesmo tipo de abuso e não tem sequer as ferramentas para denunciar? Ou ainda, não conseguem perceber o quanto esses policiais estão errados, assim como o Fabiano de Vidas Secas, que não podia conceber que uma autoridade estaria errada ao lhe tratar daquela forma, tão violenta.
Alexandre pelo menos está entre os letrados, entre os que tem acesso à rede, entre os que conseguem notar as diferenças de tratamento que existem por traz da nossa sociedade miscigenada e tão “livre” de preconceitos. Fica a indignação. Mas ela basta? Muda algo?
Apenas ela não!
Apenas ela não!
Um comentário:
A OPRESSÃO SEMPRE EXISTIU
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