quarta-feira, 13 de julho de 2011

O adeus do Lapa Multshow





No dia 10 de julho, sábado, o Lapa Multshow, importante espaço da cultura musical de Belo Horizonte, encerrou suas atividades. Após mais de 14 anos e uma sériede shows realizados com artistas dos gêneros mais variados, a casa situada no bairro Santa Efigênia deixa de fazer parte das nossas opções de final de semana. Difícil é não se sentir um pouco órfão, principalmente se você, como eu, acompanha de perto o cenário cultura da cidade. O Lapa era mais um dos símbolos do que BH produz de melhor em termo de música, ao lado de lugares igualmente importantes como A obra, Matriz, Bordelo, etc e etc.

Quando, no início do ano, tivemos uma conversa com o Guilardo Veloso (responsável pelo Lapa) e ele nos contou sobre a “ordem de despejo” que havia recebido da imobiliária, começamos a imaginar formas de impedir aquilo. O Lapa iria deixar de ser “o Lapa” para se tornar um supermercado ou coisa que o valha. A cidade inteira sairia perdendo. Para mim, pessoalmente, a perda tinha um peso muito grande. Principalmente pelo fato de o Guilardo ter recebido minha banda para que realizássemos o show de lançamento do nosso primeiro CD, em um esquema de parceria que nós nem imaginávamos que fosse acontecer. E o mesmo foi feito com outros, colocando em primeiro plano, sempre, a relevância da proposta e não a sua capacidade de levar um número x ou y de público.

No fim das contas nos despedimos do Lapa Multshow, palco que recebeu vários artistas locais como Eminence, Renegado, Julgamento (nós), Transmissor, Capim Seco e Pedro Morais (só para citar alguns), e também nomes como Mundo Livre S/A, Nação Zumbi, Tulipa Ruiz, Lucas Santana e tantos outros.


Continuidade

Foi cogitada a possibilidade de solicitar o tombamento do lugar e logo depois pedir à prefeitura que o transformasse em uma espécie de centro cultural, gerenciado pela sociedade civil. A discussão foi levantada e levada adiante e, para surpresa geral, o objetivo foi alcançado.

O lugar que durante tantos anos foi o Lapa Mulsthow pode, de fato , continuar como espaço para a divulgação da pluralidade musical e cultural da cidade. Ainda não se pode afirmar como, quando e se isso irá mesmo acontecer, mas a proximidade das eleições foi um fator decisivo, na minha opinião, para que o prefeito apoiasse a causa, principalmente diante do desgaste das suas relações com o setor cultural.


Para todos os efeitos, o processo está em andamento. Resta saber se o imóvel, de fato, irá continuar como o lugar em que artistas de diversos segmentos se projetam para um público que, felizmente, têm procurado mais do que é oferecido nas FMs e canais de TV. Só o tempo dirá.


Em tempo, nosso muito obrigado a Guilardo, Vinícius e toda a equipe que fez do Lapa o que ele foi, um lugar que ficará na memória de quem o conheceu, com seus grandes shows e noites inesquecíveis.

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