*Foto: Segundo dia de manifestações em Belo Horizonte/ Minas Gerais
Movimentos
como a Primavera Árabe, Ocuppy Wall Street, os protestos na Turquia e a onda de
manifestações no Brasil, são indícios claros de que os atuais modelos de
representação política passam por uma grave crise de legitimidade. Há uma
dissonância perceptível entre os anseios dos grupos sociais e as direções tomadas
por seus líderes.
O
Ocuppy Wall Street (2011) pode ser apontado como um dos mais emblemáticos, não
pelo grau de importância em relação a outros movimentos, mas por evidenciar disparidades
sociais claras, isso bem no centro do capitalismo mundial, os Estados Unidos da
América.
O
slogan “we are the 99%” chamava a atenção para o quanto custa manter as
riquezas e privilégios de uma minoria, os “1%” mais ricos, em detrimento do
restante da população, colocando em xeque a ideologia econômica que tem
norteado o American Way of Life e apontando a sua evidente falência.
A
primavera Árabe (2010), que é anterior ao Ocuppy, levou pessoas às ruas com o
objetivo de derrubar regimes ditatoriais que se mantinham no poder a décadas em países como
Egito, Líbia e Tunísia. Um processo semelhante pôde ser observado nos protestos
na Turquia, numa reação popular a um estado muçulmano fundamentalista defendido
pelo Primeiro Ministro Erdogan. Em todos os casos há
padrões que se repetem:
Papel
preponderante das redes sócias na organização das mobilizações e na divulgação
de imagens que denunciavam os excessos de violência.
Desconexão
e ausência de diálogo por parte dos representantes políticos, uma vez que, ou
responderam através da força ou simplesmente negligenciaram as reivindicações, evidenciando
relações de poder esquizofrênicas e anacrônicas.
O
Brasil seguiu uma cartilha semelhante com o gigantesco protesto iniciado pelo Movimento Passe Livre. O que começou
como uma luta pela redução de 20 centavos nas passagens de ônibus em São Paulo
ganhou a adesão de diversas bandeiras e desencadeou a maior manifestação da
história do país, com uma diferença bem pontuada pelo sociólogo espanhol Manuel
Castells: O fato de Dilma Rousseelf ter demonstrado uma abertura ao diálogo que
não ocorreu nos casos anteriores. Ao sugerir um plebiscito para a reforma política ela confere poder ao povo para tomar decisões importantes, mesmo contrariando
o modus
operandi do Congresso Nacional e gerando insatisfação generalizada
entre os seus representantes. Em um momento de exceção, no qual as instituições e as maneiras tradicionais de participação mostram-se insuficientes e ineficientes, novas formas de construção popular e coletiva se fazem necessárias.