A
imagem do corpo ensanguentado garoto Eduardo de Jesus Ferreira é algo
impossível de se digerir. Morador do Complexo do Alemão, o menino foi morto aos
10 anos de idade pela arma de um policial da “Unidade Pacificadora”, a sangue
frio. Um crime hediondo, de uma crueldade
sem tamanho marcou a tarde daquela quarta-feira, 01/04, às vésperas do feriado
da Páscoa e dias depois da aprovação da redução da maioridade penal, mesmo
diante de dado que comprovam que crianças e adolescentes são as maiores vítimas
da violência e não o contrário. Estranhamente
não houve grandes manifestações nas ruas para além da comunidade onde aconteceu
o assassinato. Não se ouviu ou leu pedidos de “pena de morte” a quem atira em
uma criança. Não ouvimos o bater das
panelas, não vimos perfis de facebook em “luto” e nem mesmo uma cobertura
ostensiva por parte de uma certa “grande emissora de TV”, cumprindo o dever
cívico de denunciar que o que aconteceu não pode ser considerado normal, não
pode ser tratado como uma “baixa necessária”. Porque não é. O combate ao crime
organizado não pode justificar as mortes criminosas de cidadãos comuns. Estes
mesmos não podem ser tratados como cidadãos de segunda classe por serem pobres e
moradores de vilas e favelas. É preciso repensar o tipo de polícia que
queremos, é preciso (disse e repito) humanizá-la antes de fazer dela um
instrumento de “pacificação”. Porque no momento ela não serve para este fim,
não quando dados como os levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança apontam que a nossa polícia matou em 5
anos o equivalente ao que a polícia norte-americana matou em três décadas. A violência perpetrada pelo Estado contra
minorias como pobres e negros é prontamente aceita e naturalizada no Brasil. É
vista e defendida como algo necessário em nome da “segurança pública”. Mas
segurança pra quem?
Se o mesmo fato que ocasionou a morte de Eduardo
de Jesus Ferreira, mais um entre tantos, acontecesse em outro lugar onde essa
violência não fosse “naturalizada”, como seriam as reações?
Todo respeito aos familiares pela dor e perda
irreparáveis. O que foi retirado não tem volta.
Noss@s garot@s precisam de educação de qualidade e não punição.
Nossas comunidades querem segurança, não opressão.
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