quarta-feira, 10 de junho de 2015

Um pouco sobre persistência, trabalho coletivo e a luta pela continuidade do Klauss Vianna



A batalha pela preservação de um teatro em Belo Horizonte

É comum e generalizada a sensação de impotência diante das decisões que “vem de cima”. É como se as determinações oriundas das grandes corporações ou dos poderes executivo, judiciário e legislativo fossem intocáveis, irrefutáveis, com caráter quase divino. Normalmente pouco se questiona e até mesmo figuras tidas como combativas tendem a entender que certas lutas devem ser dadas como perdidas, diante do medo provocado pelo tamanho e poder do adversário. O mesmo pensamento é compartilhado do outro lado e é neste momento que a espiral do silêncio ganha força. A sensação de embotamento, fragilidade diante das coisas ganha dimensões maiores que o próprio desafio colocado. Felizmente existem as pequenas exceções e que fazem sim, grande diferença frente ao poder de fogo visto como incontrastável ou imbatível. 
Diante da decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em fechar o Teatro Klauss Vianna e transformá-lo em auditório para suas audiências, um pequeno grupo de artistas se mobilizou para demonstrar o impacto da perda do espaço para a cidade e, assim, reverter o processo. Os indícios não eram os mais positivos.
Não me arrisco na linguagem do “juridiquês”, mas as informações que corriam eram de que a decisão de declarar o imóvel como utilidade pública, bem como a impossibilidade da existência de um teatro sob aquelas condições eram verdades pétreas, finalizadas e indiscutíveis.
Os participantes do movimento Viva Klauss deram o que considero uma das maiores lições de cidadania que pude presenciar na história recente da cidade. A despeito das perspectivas nada otimistas, pelo menos aos olhares externos, o grupo prosseguiu com suas manifestações em frente ao teatro, mesmo com um quórum reduzido, procurou apoio de representantes políticos, tentou sensibilizar a população quanto ao problema e prosseguiu. 

O Klauss Vianna, cuja morte anunciada e “irreversível” estava marcada para o fim de julho, ganhou parecer positivo de continuidade em reunião realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira, 10de junho. Pedro Bittencourt, presidente do Tribunal de Justiça, após toda a mobilização, avalia a possibilidade de manter o teatro em pleno funcionamento, com acesso autônomo independente do tribunal.  É uma “pequena”, mas muito significativa vitória.  Em agosto a questão será votada por 120 desembargadores e, por fim, teremos a definição do destino do teatro. Luta que segue e alguns bons exemplos que ficam e inspiram.


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