O fato de o programa “Pânico”
prescindir de qualquer bom senso para produzir suas “piadas” não é nenhuma
novidade. É o tipo de humor que se vale mesmo do mau gosto e do vale tudo. Há
quem defenda que, tratando-se de “fazer graça”, realmente vale qualquer coisa.
Discordo. Se o humorista precisa recorrer ao preconceito para fazer rir, isso
só prova o quanto o sujeito é limitado e mal intencionado mesmo. Não tem meio
termo pra isso. Nos comentários do post
relacionado ao quadro racista do programa houve quem argumentasse que “agora
tudo é racismo, preconceito, etc”. A velha retórica que tenta desqualificar
quem achou a piada ofensiva utilizando termos como “mi, mi,mi” ou “politicamente
correto”. A pergunta que me vem é a seguinte: O que você entende por “preconceito”?
Uma das formas mais eficazes de perpetuar estereótipos negativos em relação a
gênero, etnia ou orientação sexual é justamente aquela piadinha cotidiana,
rasteira e imbecil que de inocente não tem nada, já que ela nasce de uma
cultura que realmente naturaliza a inferioridade atribuída a determinados grupos.
Dizer que está tudo bem porque “eles fazem piadas de brancos também”, é
canalhice deliberada ou (foi mal o termo) burrice mesmo. E eu não sei o que é
pior, neste caso. Se for a segunda opção a figura precisa compreender a historia
a partir do Big-Bang e haja tempo pra isso. Nessa mesma linha de raciocínio, há
quem reclame o fato de a sociedade estar ficando mais “careta”, que antigamente
podia tudo e hoje não pode nada. Francamente... “Antigamente” meus ancestrais
podiam ser açoitados em praça pública, ser homossexual era crime em várias
partes do mundo, um estuprador seria perdoado se aceitasse se casar com a
vítima e não faz muito tempo que o Brasil deixou de negar com tanta veemência o
seu racismo. Reclamar porque as pessoas não se comportam mais como há anos
atrás e não aceitam determinadas manifestações preconceituosas, não faz
sentido. O mundo muda, a sociedade muda, e não é quem reclama da piada acéfala
e anacrônica que está errado. Tanto o piadista do vale tudo quanto o seu
público estão vivendo outro tempo que, felizmente, não volta mais.
Este é o meu espaço de discussão e reflexão. Onde exponho idéias,algumas boas e outras nem tanto. De cinema, quadrinhos, música e política. Pelo exercício do pensamento...
terça-feira, 11 de agosto de 2015
sábado, 1 de agosto de 2015
"Imprensa tem que ser livre...E responsável também"
Pra muita gente é difícil
(sabe-se lá o porquê) compreender qualquer crítica à nossa mídia atual como
algo que vá além do maniqueísmo ou da disputa entre governo e oposição. O “mídia
golpista” pode até ter virado um clichê, com os perigos que qualquer frase feita
traz, mas não dá pra dizer que o termo é
gratuito. Essa semana Romário
literalmente "tirou onda" e expôs (de novo) o "jornalismo"
medíocre e sempre mal intencionado da Veja. Revistinha que se esconde por trás
dos preceitos de liberdade de expressão e liberdade de imprensa para agir da
forma mais irresponsável e canalha. Lula decidiu processar o diretor da revista
e alguns dos seus funcionários por assinarem um texto falacioso sobre uma
delação que nunca aconteceu. Incitar o ódio, publicar inverdades, promover a
confusão através do medo, são práticas que parecem fazer parte do modus operandi do nosso jornalismo, com
todo respeito aos veículos e jornalistas sérios que ainda dignificam a
profissão.
É um exagero atribuir a culpa de
tudo à imprensa (assim como o é atribuir ao governo, etc, etc) mas a parcela de
responsabilidade dos veículos deve ser cobrada, e não é pequena. Fomentar a
ignorância política, o “fla-flu”, a visão superficial e rasteira de tudo,
interessa a quem? Ao povo é que não.
Donos dos jornalões, TVs e rádios
rugem com todas as forças quando se fala em regulação da mídia e querem
convencer que qualquer movimento nesse sentido significa uma volta à “censura”
e usam os termos “democracia” e “liberdade” pra justificar suas ações, até as mais
absurdas. Certa vez um professor me disse que o fazer jornalístico consiste em uma
tentativa de traduzir o mundo, com suas complexidades e idiossincrasias. Obviamente
não é tarefa fácil. Imagine então se isso está nas mãos de quem não se
responsabiliza, ou por quem se pauta por interesses particulares dos mais
escusos? Claro que imprensa tem que ser
livre, e responsável também.
Marcadores:
liberdade de expressão,
liberdade de imprensa,
Veja
Assinar:
Postagens (Atom)