segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra: Uma reflexão necessária


Por Roger Deff


A comemoração do 20 de Novembro, Dia da Consciência Negra, aponta para a necessidade de uma reflexão sobre a contribuição do negro na construção do país, em seus diversos aspectos, tanto culturais quanto estruturais.

A data foi escolhida pelo Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978, por se tratar do aniversário da morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, assassinado em 1698, após décadas de resistência, o que faz dele um dos maiores símbolos de luta pela liberdade e igualdade de direitos da nossa história, inexplicavelmente relegado ao segundo plano nos livros escolares. Ao mesmo tempo, o 20 de novembro é uma espécie de contra-ponto ao 13 de maio, que marca a abolição da escravatura pela princesa Isabel em 1888, uma vez que, para os representantes dos movimentos negros, a data não é digna de celebração, devido as condições em que os negros “libertos” foram deixados, com seqüelas sociais que repercutem até os dias de hoje.

Trata-se de um momento importante para a toda a sociedade, não apenas para a população negra, que hoje compreende cerca de 40% do povo brasileiro o que faz do Brasil o maior país negro do mundo fora do continente africano. O reconhecimento (tardio) da contribuição do negro na construção da nossa história representa uma grande avanço. É um passo tímido mas significativo em um país que se notabilizou por ter sido a última nação ocidental a abolir oficialmente o regime escravocrata.

A comemoração nos traz ainda a oportunidade de confrontarmos de perto questões que permanecem presentes em nossa sociedade como o preconceito racial, eterno tabu, cuja discussão ainda é reduzida. O tema permanece ignorado já que temos muita dificuldade em percebê-lo em suas formas “sutis” de manifestação.

Ainda somos vítimas do mito da democracia racial, que nega qualquer preconceito ou intolerância em um país miscigenado como o Brasil. Como efeito bizarro, admitimos a existência do racismo (embora nem todos nós – há quem negue) mas não identificamos a discriminação racial em suas inúmeras formas, boa parte delas já arraigadas em nossa cultura. Preconceitos que se manifestam tanto na imposição de um estereótipo midiático de beleza, quanto em piadas que se proliferam “inocentemente” tendo a cor da pele como principal mote.

Há ainda a disparidade social que separa brancos e negros, gerando um abismo de oportunidades educacionais, empregatícias e, consequentemente, de desenvolvimento social. Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) a população negra ainda enfrenta um déficit educacional considerável em relação aos seus pares brancos, com uma média de 1,7 anos a menos de tempo nas escolas, lidando ainda com uma taxa de analfabetismo de 13,4% enquanto entre os brancos o percentual é de 5,9%.

Sim, o 20 de novembro merece ser comemorado, mas nunca de forma acrítica. É um convite à análise sobre o quanto avançamos em relação às condições de vida dos afro descendentes, e também do quanto precisamos caminhar ainda.

domingo, 31 de outubro de 2010

Os desafios de Rousseff



Quando a filósofa Marilena Chauí disse que pertencemos a uma geração privilegiada, pelo fato de termos presenciado transformações políticas importantes, eu me identifiquei imediatamente com ela. A vitória de Lula há oito anos atrás representou a ruptura com uma tradição política elitista e oligárquica. O simples fato do ex-torneiro mecânico assumir o cargo mais importante do país já significava um enorme avanço. Claro que a história não o perdoaria se ele não fosse, no mínimo, melhor que seus antecessores. E foi o que de fato aconteceu.

Embora tenha tido uma vitória esmagadora sobre o adversário José Serra, Lula não contava, obviamente com a simpatia das elites brasileiras. O preconceito pela origem humilde e por não possuir um diploma de curso superior eram explícitos, por parte dos mais diversos setores da sociedade. Anos depois, mesmo com escândalos envolvendo membros de seu governo e a perseguição constante por parte da ala mais conservadora da imprensa, Luiz Inácio da Silva chega ao final de seu governo com o maior índice de aprovação já experimentado por um presidente brasileiro.


Fazendo um breve retrospecto, o governo de Lula colocou o país como uma das principais lideranças mundiais, melhorou a distribuição de renda do país e ampliou o acesso ao ensino superior, embora os investimentos na educação básica ainda sejam insuficientes.

O saldo é positivo em todos os aspectos, o sucesso do governo petista abriu precedentes importantes em termos de políticas sociais, culturais e econômicas, além de situar o presidente como uma das figuras mais influentes do quadro político internacional, admirado inclusive pelo atual presidente dos EUA, Barack Obhama, cuja eleição também representou uma quebra de paradigmas pelo fato de representar o retorno dos democratas ao poder, após anos do desastroso governo republicano de George W Bush, e por ser o primeiro negro a ocupar a cadeira da nação mais poderosa da terra. Isso cerca de 40 anos após a luta pelos direitos civis naquele país.


A eleição de Dilma Roussef para a Presidência da República representa, para mim, um passo tão importante quanto o que foi dado há oito anos atrás, com a vitória de Lula. Estamos diante de outra ruptura, temos uma mulher no poder em uma sociedade ainda patriarcal. Segundo, Dilma representa a continuidade de um projeto social que mudou o panorama do país.


A campanha presidencial também ficará marcada na história por razões menos dignas de orgulho, como o tom religioso que predominou durante boa parte da campanha. Ao mesmo tempo em que a discussão sobre o aborto saiu do campo da saúde pública para o reducionismo moralista da questão. O Brasil se mostrou um país conservador em vários aspectos, embora o fator “Lula” tenha prevalecido no final.
E será justamente este um dos maiores desafios de Dilma, a figura mítica do presidente mais popular da história do país até então.

Na ocasião em que Lula assumiu a Presidência do país em 2003 eu acabava de ingressar na faculdade, hoje sou o primeiro homem da minha família a conquistar um diploma de curso superior. Motivo de alegria e de preocupação já que segundo dados do IBGE o percentual de negros com formação universitária ainda é de apenas 4,7%, embora tenha aumentado nos últimos anos, ao passo em que o percentual de brancos é de 15%. Mais um desafio, entre muitos, a ser enfrentado pelo próximo governo.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Zé Brown - Repente rap Repente



Repente, hip-hop, coco, embolada, literatura de cordel e outras referências culturais nordestinas: essa é a receita do álbum Repente rap Repente do pernambucano Zé Brown.
Este mc/ repentista iniciou sua carreira em meados da década de 90, com o grupo Faces do Subúrbio, que, naquela época, já mantinha um diálogo muito íntimo com as manifestações culturais de Recife.

Desde 2003, Zé Brown realiza um trabalho de pesquisa sobre a embolada e as técnicas do repente, o resultado é este álbum, concluído em 2009 mas ainda sem lançamento oficial. O disco conta com a produção primorosa do soul man paulista Skowa (Skowa & Máfia e Trio Mocotó) e do músico Janja Gomes (também oriundo do Trio Mocotó), e traz várias (e eficientes) participações.

Não é exagero afirmar que este trabalho merece figurar em qualquer lista dos 10 melhores álbuns do gênero na última década. Sem fazer concessões, Repente rap Repente é original, ousado, e não aparenta ter a menor preocupação em se fazer “produto de exportação”, e é justamente aí que reside um dos seus principais méritos.
O CD mantém um nível muito bom, da primeira à última audição. Ainda assim, algumas músicas (entre as 14 do CD) merecem ser destacadas, a exemplo de “Desafio de Coco”, faixa que traz a participação de João Parahyba e mescla guitarras distorcidas a elementos percussivos e sons de berimbau, criando uma estética única que traduz muito da proposta outsider do álbum. Pode causar estranhamento? Provavelmente. Mas, com certeza ficará muito distante do meio termo e das opiniões unânimes.

Outra música que chama a atenção é “Eu valorizo”, um verdadeiro manifesto em prol da identidade regional presente no disco. Marcada pelo acordeon e pela percussão como seus principais elementos, ela é uma das melhores traduções do rap-repente proposto por Zé Brown.
“Consideração” com letra que narra a experiência de Zé Brown na Suécia, foge um pouco à estética das outras músicas e conta com a participação do rapper sueco Format. Essa deve agradar em cheio aos adeptos do rap “convencional”, embora o termo não se aplique muito bem a um trabalho tão experimental como este. Em “Perito em rima” o produtor Skowa leva o rap-repente de Zé Brown ao universo groovado da funk music.

Sem mais, Repente rap Repente é uma viagem musical sincrética e enriquecedora, daquelas obras que, literalmente, te tiram do lugar.

O álbum conta ainda com as participações de Castanha, Zeca Baleiro, Rappin Hood, DJ Marcelinho e Bola 8 (Nação Zumbi).

Conheça um pouco do trabalho aqui:
http://www.myspace.com/repentistazebrown

sábado, 5 de junho de 2010

Lenis Rino - Cabeça de Pipa

"Pés no chão e cabeça no ar"






O percussionista Lenis Rino já tocou ao lado de nomes importantes da música brasileira, e traz em seu disco de estreia “Cabeça de Pipa” a maturidade de quem está na estrada há alguns anos. E o trabalho surpreende até mesmo aos ouvidos mais desconfiados e exigentes. O disco mistura muito bem uma enorme diversidade rítmica como dub, maracatu, ragga, hip-hop, samba, elementos da música regional nordestina e referências às tradições do candomblé.


O trabalho, composto por 11 faixas, passeia por estes universos distintos e consegue se manter coeso, contando com diversos convidados que dão “os tons” necessários às composições de Lenis Rino. A obra realiza voos ousados, mas mantendo os pés no chão, sem deixar a sensação de experimentalismos casuais ou impensados. É justamente deste conceito que nasce o título “Cabeça de Pipa”: viajar sem perder a conexão, o que o álbum faz muito bem.


A música de abertura “Base Forte” apresenta uma levada rap bem tradicional, uma das influências centrais para o Lenis Rino, já que o músico viveu um bom tempo em São Paulo, um dos principais redutos do gênero no país. A segunda faixa, “Flores de fevereiro” é um rap com influência de música cubana que conta com as rimas de Gaspar, Mc do grupo paulistano Z’áfrica Brasil.


Destaque para “Quase uma”. Viagem instrumental psicodélica que mescla sons sampleados a instrumentos de corda e percussivos. Talvez a música que melhor traduduza o conceito de “Cabeça de Pipa”.
O disco ainda é composto por boas canções como Maleável Mano, Monkey Stile, Zalap e se encerra com dignidade, fugindo completamente do óbvio, na tranquila “Tempo de Anjo”. Fórmula simples: violão e sampler somados à voz de Marina Machado.


Trata-se de um disco para ser ouvido com atenção. Obra conceitual em que as faixas se complementam como em um mosaico sonoro. Coisa cada vez mais rara, principalmente em uma época em que a fruição fugaz e os downloads de fonogramas isolados dificultam este tipo de leitura.
Além dos já citados, o disco também conta com as participações de Marcelo Mariano, Bruno Caram, Alberto Continentino, Anelis Assumpção, Marina Pitier, Denis Duarte, Bruno Buarque e Flávio Maia.
O CD foi lançado pelo selo paulista Traquitana e pode ser ouvido e adquirido aqui.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

"Cadê minha fatia do filé"

(Curumin na música "Mal Estar Card")


















Foto Marco Aurélio Prates



Nesta segunda- feira (31 de maio), artistas, produtores e representantes de setores da cultura como áudio-visual, teatro, e música, estiveram presentes na manifestação realizada em frente ao Palácio das Artes. O encontro foi motivado pela decisão do Governo de Minas Gerais em não renovar os convênios do Programa Música Minas, responsável em 2009 pela circulação de vários músicos por estados brasileiros e pelo exterior, e de 100 Pontos de Cultura.

A decisão do Estado é apoiada em uma interpretação da resolução 23.089 do TSE, que proíbe o repasse de verbas públicas para entidades privadas sem fins lucrativos em período eleitoral. O Secretário de Estado de Cultura, Washington Mello, que esteve presente também na primeira reunião, realizada no dia 26 de maio bibllioteca Luiz Bessa, disse que o Programa Música Minas terá continuidade, mas deverá ser administrado pela Fundação Clóvis Salgado, já que se trata de uma instituição pública e, portanto, não sofre entraves pelo parecer da Advocacia Geral do Estado (AGE).

Após a fala do Secretário uma comissão formada por representantes do teatro, da música, dos Pontos de Cultura e do áudio-visual se organizou para uma reunião com o Secretário e o próprio Governador. A reunião acabou não se concretizando, já que a comissão foi proibida de adentrar o Palácio das Artes, um espaço “público” em que se realizava um evento “privado” realizado pelo Hospital Mater Dei.

A manifestação continuou, com microfone aberto para quem quisesse expressar sua opinião sobre o assunto e com apresentações de artistas locais como Tom Nascimento, Pedro Morais, Dokttor Bhu & Shabê, Renegado, Pablo Castro, entre outros.
O encontro demonstra, mais uma vez, a força do setor cultural em Minas Gerais que agora reivindica o repasse de verbas para os Pontos de Cultura e a transformação de editais como o Música Minas e Filme em Minas, em políticas públicas formalizadas pelo Estado.

Apesar da vitória, ainda há muito a ser feito. O atual governo do Estado de Minas Gerais, representado na figura do senhor Antônio Anastasia, ainda enxerga a cultura como algo secundário e isso pode ser facilmente constatado. Basta observar o postura do governo neste episódio, o que é um reflexo direto dessa visão.

Vale ressaltar que o posicionamento e a organização de toda a classe cultural diante da circunstância foi algo exemplar e digno de nota. Principalmente pela percepção, a meu ver, aguçada, de que a cultura é um todo e está interligada, o que fez com que pessoas oriundas de áreas específicas como teatro e cinema se mobilizassem em prol da música num primeiro momento. O importante é que prevaleceu a noção de que são questões que fazem parte de um todo.

Em uma das últimas falas, o músico e articulador, Vítor Santana, deixou clara a posição dos representantes da música em Minas de apoiar os representantes dos demais setores (cinema, teatro...) em suas reivindicações pelas verbas dos Pontos de Cultura. Ao que tudo indica, o governador terá que lidar com mais este impasse antes das eleições, a começar por toda uma classe artística insatisfeita, que se recusa a continuar “roendo o osso” e “recolhendo migalhas”.
Importante lembrar que, apesar da resolução 23.089, estados como Espírito Santo, Acre e Pernambuco renovaram seus convênios com o terceiro setor.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Cultura em Xeque






Um dos mais importantes projetos para o fomento da música no Estado corre o sério risco de não ter continuidade em 2010. Estou falando especificamente do Música Minas, projeto que está incluído dentro do Mais Cultura ao lado de 300 pontos de Cultura. A razão é uma interpretação da resolução 23.089 do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe o repasse de dinheiro público para entidades não governamentais em períodos eleição.

O Música Minas constitui um avanço significativo para o setor musical mineiro e representa um fato inédito na história das políticas culturais: “Dinheiro público administrado diretamente pela sociedade civil”, como o músico Makelly Ka expressou muito bem.

O programa é o resultado direto das articulações do Fórum da Música, entidade civil formada por organizações ligadas à produção musical em Minas Gerais. Em sua primeira edição (2009) conseguiu injetar mais de R$ R$ 1.550.000,00 (um milhão quinhentos e cinqüenta mil reais) no setor, verba que possibilitou, a circulação de 25 artistas mineiros para outros estados e países, além de oficinas culturais oferecidas pelos próprios artistas contemplados pelo programa.

Na segunda feira, dia 26 de maio, representantes destes e outros grupos estiveram presentes em uma assembléia que contou com a presença do atual Secretário de Estado de Cultura, Washington Mello, que se mostrou aberto ao diálogo mas logo no início reafirmou a posição da Advocacia Geral do Estado (AGE) em não renovar o convênio com o programa em 2010.

A situação é delicada: O governo do Estado de Minas Gerais, de acordo com as palavras do então Secretário de Estado da Cultura, Paulo Brant, garantiu que haveria continuidade do projeto, inclusive com aumento de verba. A partir deste pressuposto o Fórum da Música firmou acordos de intercâmbio de artistas mineiros em festivais e feiras na Europa em 2010.

O atual impasse põe a perder todo um processo de negociação e os resultados positivos gerados pelo programa em 2009.
Entre as decisões importantes do dia 26, está uma manifestação que será realizada no Hall do Palácio das Artes, na segunda-feira, dia 31, a partir das 19:00, com a presença de músicos e produtores. O encontro está aberta à participação da sociedade civil em geral.

A maneira como as entidades, grupos, produtores e artistas reagiram têm sido exemplar. Ações organizadas mostram a força do setor em Minas, independente de qualquer divergência ideológica, coisas que devem sempre estar de lado quando o interesse comum fala mais alto.Verdadeiro exercício de cidadania. Ao que tudo indica o imbróglio caminha para uma resolução aceitável. Nos vemos lá.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Vergonha alheia


Deprimente ouvir o comentário infeliz e preconceituoso que âncora do jornal da Band, Bóris Casoy, fez no dia 31 de dezembro.


O “vergonhoso” episódio já é de conhecimento de muita gente a essa altura do campeonato. Após a exibição de um vídeo em que dois garis faziam votos de um “Feliz 2010” o âncora do jornal da Band, Bóris Casoy, não observou que seu microfone estava aberto e disse: ...que merda...dois garis...do alto de suas vassouras ...desejando feliz ano novo...a mais baixa escala do trabalho...”
Tudo isto num evidente tom deboche. No dia seguinte ele tentou se retratar dizendo que fez um comentário infeliz durante uma “falha técnica”.

Ora, Sr Bóris Casoy, atribuir uma evidente falha de formação pessoal, uma visão preconceituosa e limitada de mundo a uma “falha técnica” é algo para se envergonhar, não acha? Além disso, as pessoas a quem ele se referia e até a população pobre brasileira, parte considerável da audiência daquele jornal merecia (e merece) uma retratação melhor. Triste saber que um formador de opinião tem este tipo de raciocínio retrógrado, não que esta visão de direita proveniente de certos jornalistas me surpreenda, mas confesso que isso me chocou.

O mais “infeliz” não é o comentário em si (desastroso, por si só) mas sim o fato de alguém que teve pleno acesso à educação formal e conhece bem as mazelas e desigualdades deste país pense desta forma. O que esperar então dos demais?

O pensamento de Casoy reflete a visão de uma boa parte da elite brasileira, que desde sempre ojeriza os setores mais pobres da sociedade, reflete algo comum nos dias de hoje que é a valorização do “ter”, o ser humano simplesmente não importa. Triste é ver como ele reproduz bem este aspecto tão deplorável.

Bóris Casoy faz coro junto à uma fatia enorme da imprensa brasileira, onde se incluem veículos como a Veja e tantos outros, cujo posicionamento está claramente a favor da manutenção de um status quo que mantém a linha divisória entre os poucos que possuem muito e uma maioria que permanece à margem de tudo o que este país produz.

Casoy foi um dos primeiros a defender a retirada da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, uma vez que ele próprio possui outra formação acadêmica. Nenhum demérito nisto. Nada forma melhor um jornalista que a prática diária, mas as aulas de ética no jornalismo fizeram muita falta neste caso.